Marca Piña, a essência do Rio de Janeiro e o resgate das nossas cores: “Vamos mostrar que a bandeira sempre foi nossa, nunca foi deles!”
Carregada de vivências, nostalgia e história, a marca Piña vem causando comoção ao tornar-se queridinha nas redes sociais
Diferente da realidade de muitos, o conceito de “brasilcore” vai muito além de uma simples estética momentaneamente em alta, mas faz parte de um estilo de vida encontrado há muitos anos pelas periferias cariocas. A cultura fluminense dos anos 2000 e os bailes funks da época traziam ousadia em seus looks e sem dúvida alguma marcaram uma geração, algo que a marca Piña (@pina.loja) fez questão de resgatar com muita excelência e propriedade.
Cria da comunidade de Vila Kenner, no Rio de Janeiro, Jeanderson Martins – também conhecido como Abacaxi – trouxe de volta essa ousadia ao criar a marca que vem causando inúmeros comentários na internet e já vestiu nomes como Anitta, Ludmilla e Arielle Macedo. Extremamente elogiado, traz em suas coleções peças capazes de não apenas trazer nostalgia aos que viveram essa época, mas também chocar e encantar quem hoje as usam como estética, a qual ele categoricamente chama de “estética di cria”.
Quando questionado sobre o começo de tudo, Abacaxi relembra ao MídiaTuris exatamente quando descobriu o dom que tinha. “Desde pequeno queria dar palpites e ideias nas roupas de alguém, acredito que sempre tive a certeza do que queria pra mim, mas em 2015 eu customizei uma calça jeans e fiz um leilão no facebook, arrecadei quatrocentos reais pra minha loja e a partir disso comecei a querer me aprofundar mais”, explica.
Apesar do conceito certeiro da marca, Jean conta que descobriu seu público alvo tarde, mesmo tendo a mãe – sua maior inspiração – sempre relatando sobre as vivências nos bailes da época. “Eu fazia coleções para o público, porém não tinha um alvo, sabe? Quando comecei a fazer algo realmente direcionado à favela, que é o meu público alvo, tudo começou a acontecer.”
Quando questionado sobre a ressignificação das cores da bandeira do Brasil nas peças, o estilista reforça que, apesar de pertinente, não foi algo voltado à situação atual do país. “Eu tenho vinte e dois anos e peguei a época em que a galera sentava em frente à TV com a cara toda pintada de verde e amarelo, e isso me trouxe saudade, ainda mais quando descobri que iríamos ter copa. Falei para a minha equipe: a copa pra gente vai chegar bem cedo, porquê quero matar a saudade de usar as cores do nosso país, e foi quando criei a coleção “Brasileirinha”. A coleção, que traz as cores da bandeira em diversas peças em recortes cut-out, causou comoção nas redes sociais e virou a queridinha de muita gente.
Sobre as dificuldades, Abacaxi diz que é um jovem sonhador, e apesar delas, sabe que um dia irão passar. “Eu sempre tive dificuldades porquê, além da marca, eu tenho um casting de modelos; minha outra paixão é a passarela, então além de tentar administrar a loja, eu também administro meus desfiles, e a maior dificuldade disso tudo é fazer tudo sozinho, sem capital pra sustentar uma fábrica grande e um bom atelier”, comenta.
Ainda assim, a marca já teve diversos momentos icônicos, e por não conseguir escolher um só, Jean destaca três que o marcaram profundamente: “Anitta. Ela sempre foi o meu foco, todo o movimento que fiz foi exatamente pra isso e consegui realizar o meu sonho de vesti-la.” – Anitta usou um conjunto Piña, inspirado na marca bad boy e um clássico em 1990, para curtir sua festa de aniversário, em Las Vegas. Ressalta outros dois: “O nosso desfile dentro do trem e o nosso desfile na câmara municipal do Rio de Janeiro. Esses dois desfiles foram trazendo a ressignificação da nossa bandeira”, reforça.
Com relação à nova coleção, ele aumenta nossas expectativas dizendo que irão encerrar o ano com um desfile da copa. “Será um fashion film muito dahora, vamos mostrar que a bandeira sempre foi nossa, nunca foi deles!” Abacaxi, inclusive, contou ao MídiaTuris que sonha em levar seus modelos oficiais para desfiles no Paris Fashion Week. O que, se depender da inovação e talento para tal, não vai demorar para acontecer.
A marca Piña é uma marca periférica que traz não apenas conceito, como também vivências, nostalgia e história. Não se encaixa apenas em estética e vem lutando com maestria pelo seu espaço. Gostou da marca? Vai dar uma olhadinha na loja em: https://pinarj.lojavirtualnuvem.com.br/.
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