Ponte de Lima: uma vila antiga com novidades para contar

É vila desde 1125, ano em que a rainha Dona Teresa lhe outorgou carta de foral, e continua a ser, quase 900 depois, tendo feito do título de vila mais antiga de Portugal uma das suas bandeiras. Quando se chega ao centro de Ponte de Lima, a partir do Largo de Camões, essa antiguidade vê-se por todo o lado – a ponte medieval, a Torre da Cadeia Velha e todo o cenário de pedra ancestral. E, entre elas, saltam ao caminho algumas das novidades limianas, como um museu para aprender tudo sobre o vinho verde, uma mercearia contemporânea, uma oficina que reinventou a cerâmica tradicional e ainda lugares para ficar e descansar a sério.

Vamos por partes e primeiro ao verde, que fica mesmo no centro da vila florida, junto aos Paços do Concelho. Chama-se, na verdade, Centro de Interpretação e Promoção do Vinho Verde e convida a saber mais sobre a história e as caraterísticas desta região vitivinícola.

Passando por diferentes salas, vai-se obtendo informação sobre o clima e a geologia do terroir, bem como sobre o trabalho da viticultura e da enologia. Saindo dali, e prosseguindo pelas ruelas estreitas que levam ao largo das igrejas Matriz e da Misericórdia, a Mercearia da Vila justifica fazer uma pausa. Trata-se de um negócio centenário e que os herdeiros de Rodrigo Melo reinventaram, sendo hoje um agradável turismo de habitação com serviço de cafetaria, onde Cândida Melo, a nora do fundador, serve bolos caseiros, crepes salgados e doces limonada com bagaço e mel e os vinhos brancos da região a copo. Os móveis da antiga venda, os brinquedos artesanais – que é possível adquirir –, os cartazes publicitários de outros tempos.
Seguindo passeio, do lado de lá do rio, em Arcozelo, há que visitar o Parque do Arnado e encontrar, nas traseiras do Museu do Brinquedo
Português, a loja-oficina Casa do Arnado – Oficina das Artes, com peças de cerâmica que reinterpretam esta arte antiga. E para ir comer ao A Carvalheira, que saiu dali de Arcozelo ao fim de 20 anos a ganhar boa reputação, para se ir instalar em Fornelos, não fará a viagem em vão. O bacalhau com broa continua a chegar como sempre à mesa, assim como as outras especialidades; pernil, cabritinho assado, lampreia na sua época e, claro, o sarrabulho minhoto. É um lugar para se ir comer sem pressa, porém prevenindo-se de marcação, e não sair de lá sem um remate de leite-creme ou de pudim abade de Priscos.

Outro remate, mas mais para o final do dia, fica a cerca de dez minutos da vila limiana, em território de Reserva Ecológica Nacional. O turismo rural Casa das Anas é um projeto de Ana Cláudia e Rui Silva, que abriram portas há três anos, depois de se mudarem da Covilhã. O nome tem que ver com as Anas da família (Cláudia e as duas filhas) e está decorada com peças de afeto da família.

Fica-se bastante rendido a este albergue familiar, depois de experimentar os mimos de Ana Cláudia – da tarte de manga ainda a fumegar ao pão fresco que o padeiro deixa todos os dias no portão –, e de adormecer e acordar com os sons da natureza.
Há outro lugar a experimentar em Refoios do Lima, na margem direita do rio Lima, mais ligado ao enoturismo. O Ameal Wine Tourism Terroir saiu da cabeça do produtor Pedro Araújo, cujos vinhos Quinta do Ameal, feitos a partir da casta Loureiro,estão constantemente na boca da crítica especializada, nacional e internacional. Abriu em 2015, concretizando o sonho antigo de receber turistas na propriedade de 30 hectares. As três suites da Casa Grande foram decoradas por Pedro e, na Casa Entre Bambus e Vinha, com dois quartos, há um chuveiro exterior, virado para um inusitado canavial. Tem ainda uma piscina e um deck junto a água de mina, uma praia fluvial e uma pérgola coberta de glicínias. Da experiência fazem parte as visitas, as provas de vinho – com ou sem refeição – e programas como a descida do Lima em canoa ou os passeios de bicicleta – pela ecovia são seis quilómetros até ao centro de Ponte de Lima.

Artigo publicado a 20 de maio de 2016 e atualizado.

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