Do Douro ao Alentejo, conheça as principais rotas dos vinhos de …
É impossível falar de Portugal e não lembrar da extensa variedade de vinhos que já é marca registrada em todo o mundo. Afinal, são mais de 250 castas de uvas que proporcionam ampla oferta de todos os tipos. A grande presença de regiões vinícolas de norte a sul coloca o país no mapa do enoturismo e tem atraído cada vez mais visitantes que desejam não apenas experimentar os sabores, mas também conhecer todo o processo de fabricação e sentir o vinho.
Apesar de sua curta extensão, Portugal oferece uma série de roteiros que proporcionam a ampla dimensão do enoturismo, que inclui não somente as adegas, vinhas e caves portuguesas, mas também uma viagem cultural pelas tradições e costumes das regiões, quintas e casarões históricos, desfrutando vinhos e outros produtos de produção própria, como os frutos e compotas, queijos, azeites e doçaria artesanal. No fim do verão, há também as emblemáticas vindimas, o período da colheita e de celebrações típicas.
Foto: Naira AmorelliFoto: Naira Amorelli
Tudo isso em hotéis e acomodações que, embora sejam frequentemente associadas ao turismo rural, possuem a infraestrutura e tecnologia que dão a Portugal o status de um país autêntico, genuíno e moderno.
De norte a sul
Duas regiões concentram os maiores espaços dedicados ao enoturismo português. No Norte, o Vale do Douro é a grande referência em produção vinícola e naturalmente possui uma tradição em receber turistas, sobretudo o Alto Douro Vinhateiro, Patrimônio Mundial da Unesco, onde se produz o famoso vinho do Porto. Além das vinhas e adegas, a região traz um misto de vilas calmas e aprazíveis com paisagens de vinhedos, castelos e outros lugares onde vale muita a pena fazer uma parada e olhar o horizonte.
Outro roteiro imperdível é a visita às dezenas de caves do vinho do Porto, onde é possível conhecer detalhes históricos da fabricação da bebida (desde a colheita das uvas ao processo de envelhecimento), além da emblemática degustação de vinhos. Elas ficam abertas para visitação durante todo o ano. Ainda no Douro, há a região de Favaios, que é sinônimo de Moscatel, com visitas guiadas por adegas e caves.
A Rota dos Vinhos Verdes também é destaque turístico no Norte, na região do Minho. Além de descobrir as origens e sabores da milenar cultura vinícola, quem optar por esse roteiro poderá aproveitar desde praias a montanhas, vales e rios, além de uma paisagem única onde o verde, que dá nome ao vinho, é a cor dominante.
O outro grande ponto enoturístico de Portugal é o Alentejo, no Sul do país, onde se encontram vários dos principais produtores nacionais, considerada como a melhor região vinícola do mundo para visitar em 2014. A vinha corre ao longo de extensas planícies e acompanha olivais e florestas. É nesta paisagem de vastos horizontes que se inserem quintas e herdades produtoras de vinho com créditos firmados na hospitalidade e na gastronomia por que são conhecidas, sobretudo em Évora, que também é Patrimônio Mundial, e em outras sete localidades: Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos, Vidigueira, Amareleja/Granja e Moura.
Mas o enoturismo em Portugal não se resume ao Alentejo e ao Norte. No Centro, ao redor de cidades como Viseu, Coimbra e Aveiro, há propriedades de antigas caves portuguesas, embora todas elas tenham acompanhado as atuais tendências de produção vínica e desfrutem dos mais modernos métodos de produção. São casas que trazem um legado histórico, por vezes até com núcleos museológicos.
Na região de Lisboa, mais precisamente no Vale do Tejo, estão concentrados alguns dos melhores produtores e também ótimos roteiros turísticos, a se destacar os percursos do Tesouro Gótico, Touros e Cavalos, Beira Tejo e Tesouro Manuelino, todos com uma série de adegas e quintas para visitação. Nos arredores da capital, há de se lembrar também das regiões de Carcavelos, Colares e Bucelas, cidade que abriga o Museu do Vinho e da Vinha.
Perto de Lisboa fica Lourinhã, a única região demarcada para a produção de aguardente vínica em Portugal, e uma das três no mundo (ao lado de Cognac e Armagnac, na França), o que por si só é um grande atrativo para o enoturismo.
Mais ao sul, a Rota da Península de Setúbal tem visitas a adegas, mas também proporciona contato direto com a natureza. A visita a castelos e fortalezas, em Setúbal, Palmela e Sesimbra, ao palácio da Bacalhôa ou a espaços culturais, como o Museu Agrícola da Quinta da Atalaia ou o Museu do Queijo de Azeitão, são características desta região com história, que apresenta sabores dos vinhos branco, tinto, rosé ou o Moscatel de Setúbal, produtos de excelência da península.
Nas ilhas também há excelentes roteiros enoturísticos. Nos Açores, não há como deixar de mencionar a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, Patrimônio Mundial da UNESCO, um misto de natureza vulcânica e práticas culturais ancestrais.
Ainda no Atlântico, destaca-se o Vinho Madeira que nos mais variados pontos do globo ganhou fama e prestígio. Das mais de 30 castas diferentes, destaque para as mais nobres – Sercial, Boal, Verdelho e Malvasia, este último representando o vinho doce, encorpado de perfume intenso e cor vermelha. As vinhas, dispostas nas encostas, sustentadas por paredes de pedra, fazem lembrar escadarias, que em partes da ilha ligam o mar à serra em paisagens deslumbrantes.