Enoturismo sob sol e clima da “Toscana lusa”
A uma hora de carro do Algarve e a 190 km de Lisboa, a região do Alentejo produz ótimos vinhos, recebe com gastronomia única e, ocupando um terço do território luso, concentra apenas 7,4% da população de Portugal.
Publicações do mundo inteiro, como o jornal norte-americano “The New York Times” e o inglês “The Guardian”, já beberam nessa fonte, derretendo-se por esse pedaço do país. O Alentejo chegou a ser chamado de “nova Toscana”. E virou destino da moda na Europa.
Vinhos
Com 22 mil hectares de vinhedos espalhados po toda sua extensão, o Alentejo entrou para o time dos melhores destinos europeus de enoturismo. A prática envolve receber visitantes combinando atividades rurais, boa mesa, ótimos vinhos e hospedagem familiar nas próprias vinícolas.
Oferecendo vinhos pontuados nas alturas, culinária merecedora de estrelas e herdades charmosas, a “Toscana lusa” está em alta. E com tudo em cima.
Mais acessível, barata e fácil para os brasileiros (devido ao idioma) do que a original italiana, a localidade se beneficia do clima generoso, com 300 dias de sol por ano, e manhãs quentes e noites frias, numa equação mais do que perfeita.
O solo também atua a favor da viticultura. A harmoniosa combinação de calcário, argila, magnésio e areia imprime maciez, coloração e sabor aos vinhos alentejanos. Na boca, são realmente inconfundíveis.
Hospedagem
A região recebe com boas pousadas instaladas em vinícolas, como Herdade da Malhadinha Nova (malhadinhanova.pt) e Herdade dos Grous (herdade-dos-grous.com).
Algumas estão próximas a Beja, cidade que exibe centro histórico murado, castelo com torre de mais de 40 m e vista panorâmica. Aos sábados, a praça abriga uma adorável feirinha livre.
Vinhos, conforto e vista pra lá de deslumbrante da região
A Herdade da Malhadinha Nova, em Beja, no Baixo Alentejo, fica a 100 km do balneário de Albufeira, no Algarve. Malhadinha Nova é um projeto iniciado em 1998, quando a família Soares comprou uma propriedade de 1926, em ruínas, sem uma vinha plantada. Rita, o marido, João, e o cunhado Paulo, à frente de 20 lojas e distribuidoras de vinhos no Algarve, transformaram a área numa pousada-butique. Une conforto e charme a características estéticas e culturais genuínas do Alentejo.
A sede, em azul-celeste e branco, é um capricho. A decoração harmoniza luminárias do alemão Ingo Maurercom artesanato local. Móveis de madeira alentejana combinam com peças do designer francês Philippe Starck. Tudo na mais perfeita ordem. Tanto que conquistou nove prêmios de melhor alojamento de enoturismo em Portugal.
Para hóspedes, há dez suítes. Mais dez estão sendo construídas na área onde pastam vacas alentejanas, cochilam volumosos porcos pretos e circulam cavalos de raça pura lusitano. E “malhadinha” é o nome que se dá à casa onde são criados os porcos pretos.
Cardápio
O restaurante Malhadinha é referência em comida alentejana. O cardápio está nas mãos do chef Joachim Koerper (uma estrela Michelin em seu Eleven, de Lisboa). Os insumos usados na cozinha são produzidos no local – carnes, frutas, verduras, legumes, animais de caça e vinhos. Os preços são digestivos. O carpaccio de porco preto com lagostim e camarão do Algarve sai a € 16 (cerca de R$ 77). A galinha do campo recheada de queijo fresco de Albernoa, frutas secas, polenta e pipoca custa € 23 (cerca de R$ 112). O delicado bombom de framboesa com vinho do Porto (€ 8 ou cerca de R$ 38) fechou nossa refeição.
Nas taças, vêm as tintas touriga nacional, aragonez, baga; ou as brancas arinto e roupeiro, entre outras castas do terroir da Malhadinha. As vinhas ocupam 45 hectares em produção. Outros 35 estão sendo plantados. O enólogo da casa, Luis Duarte, foi eleito o melhor de Portugal em 2018. E os vinhos somam pontuação invejável conferida por especialistas.