Uma volta ao Mundo da Patagônia no Via Australis – V

Por Paulo Atzingen*

Punta Arenas – (Sexta-feira, 10 de abril)

Na manhã do quinto dia a bordo do Via Australis amanhecemos navegando no Estreito de Magalhães, deixando para trás a enorme Ilha Dawson com seus fiordes e suas geleiras. Os dias, clareavam cada vez mais tarde, e em todos eles, sol em quantidade suficiente para derreter o gelo e aquecer a alma.

Alcançamos a península de Brunswick onde se ergue o farol São Isidro. Esta região, dizem os mapas, é onde começa realmente a terra firme do continente americano e é possível daqui seguir para o norte do mundo sem ter que molhar os pés ou construir barcos para travessias.

Gaivotas fazem voos rasantes e saúdam o navio que se aproxima de Punta Arenas. À medida que o barco avança a dança das marés se amplia e é impossível não sentir a força da natureza que impõe seu fluxo de uma maneira sutil, vigorosa e emocionante…

O estado puro destes ecossistemas deve ser o mesmo encontrado pelo navegador português Fernão de Magalhães quando esteve por aqui, na primavera de 1520. Ele foi o primeiro que colocou em prática a circunavegação. Sem satélite ou GPS, atravessou do oceano Atlântico para o Pacífico utilizando este mesmo estreito que estamos agora.

Na ilha Marta avistamos lobos marinhos do sul (Arctocephalus australis). Uma dezena deles comeou a se agitar com a presena dos botes zodiacs (Foto: Wanderley Mattos Jr)

Na ilha Marta avistamos lobos marinhos do sul (Arctocephalus australis). Uma dezena deles começou a se agitar com a presença dos botes zodiacs (Foto: Wanderley Mattos Jr)

Lobos Marinhos

Passamos ao largo de Punta Arenas, navegando em direção às ilhas Marta e Magdalena. Na primeira, avistamos lobos marinhos do sul (Arctocephalus australis). Uma dezena deles começou a se agitar com a presença dos botes zodiacs, que lhes tiravam o sossego da manhã. Alguns, menos sonolentos, se arrastaram até a margem da praia e, calmamente, mergulharam nas águas do canal em busca de seu café da manhã ou de sossego.

Um casal desses mamíferos nos acompanha intercalando mergulhos e esguichos sincronizados. “O tamanho dos lobos-marinhos varia; em média, os machos adultos medem até 2 m de comprimento e pesam 150 a 200 kg”, afirma o guia de expedição, German Briceño.

O desembarque na Ilha Magdalena para conhecer o farol e ter contato com os pinguins não aconteceu por questões de segurança. Segundo o comandante Navarro, os ventos, de aproximadamente 180 nós não permitiriam um desembarque tranquilo. “Obedecemos ordens de segurança internacionais. O embarque e desembarque nos zodiacs são muito complexos nessas condições”, afirmou ao DIÁRIO.

Segundo o comandante Navarro, os ventos, de aproximadamente 180 ns no permitiriam um desembarque tranquilo (Foto: Wanderley Mattos Jr)

Segundo o comandante Navarro, os ventos, de aproximadamente 180 nós não permitiriam um desembarque tranquilo (Foto: Wanderley Mattos Jr)

A ilha Magdalena foi declarada Parque Nacional Chileno em 1966 e depois classificada como Monumento Natural, em 1982, por sua quantidade e variedade de fauna, composta principalmente por pinguins de Magalhães (Sphenicus Magallanicus) e  gaivotas. O desembarque ficou para a próxima viagem a estes mares e ares do sul.

O Via Australis levantou âncora e, às 11 horas, atracávamos em Punta Arenas.

* O jornalista Paulo Atzingen viajou à Patagônia convidado pela Cruceros Australis

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