Pitangui comemora 300 anos com foco no turismo e desenvolvimento
Restaurada, igreja de São Francisco é aposta para atrair turistas (Foto: Ricardo Welbert/G1)
Pitangui, uma das primeiras cidades de Minas Gerais, completa 300 anos nesta terça-feira (9) e em um dia como esse, no ano de 1715, o lugar foi o sétimo a receber o título de “Vila de Ouro”. Ao todo, foram oito vilas. Em 1855, a vila passou a ser chamada de cidade e daquele tempo em diante, restaram alguns casarões históricos e igrejas que misturam vários estilos arquitetônicos.
O vilarejo que deu origem à cidade foi construído ao pé da Serra da Cruz do Monte – um dos pontos mais altos da região. “Antes de se tornar vila, essa terra abrigava escravos que figuram de expedições que vinham de Porto Seguro e entravam pelo norte mineiro em busca de ouro. Esses fugitivos foram os primeiros a encontrar o ouro em Pitangui”, explicou o pesquisador José Raimundo Machado.
“As terras que pertenciam ao chamado ‘termo de Pitangui’, ao serem desmembradas, deram origem a cerca de 40 novos municípios, entre os quais Divinópolis, Itaúna, Carmo do Cajuru, Pará de Minas, Martinho Campos, Papagaios, Abaeté e muitos outros”, explicou o historiador Raimundo da Silva Rabelo, autor do livro “No Payz do Pitanguy”.
Casarão que pertenceu a Joaquina do Pompéu
integra área tombada (Foto: Ricardo Welbert/G1)
Pitangui ainda guarda parte da arquitetura de seus anos iniciais. Embora tenha sido parcialmente descaracterizada com a demolição de casarões e furtos de imagens sacras, altares e peças de adorno que ficavam no museu. Em 2008, parte do conjunto arquitetônico da área central foi tombado em caráter definitivo pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG). A partir de 14 de março de 2010, entrou em vigor lei que proíbe o tráfego de veículos pesados no núcleo histórico da cidade.
Em 2015, a aplicação de uma nova camada de asfalto em ruas do Centro Histórico levantou uma polêmica na cidade sobre o limite para se fazer alterações em uma região protegida. O jornalista Marcelo Freitas, autor do livro “A Construção do Tombamento”, detalhou o período anterior e posterior à decisão do órgão estadual.
“Eu, particularmente, me incluo entre os que defendem o ‘desasfaltamento’ do Centro Histórico. É preciso desmistificar a ideia de que em Pitangui quase não há mais nada a ser preservado, porque a maioria das edificações do período colonial já foi derrubada. É correto afirmar isso. Mas isso não é tudo. Os pitanguienses se apegam, para renegar seu valor, aos exemplos de Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina. Talvez não saibam que a riqueza arquitetônica daqui é de outro tipo, como também está descrito no documento de tombamento”, explicou Freitas.
Casarão em que viveu o monsenhor Vicente Soares, no Centro Histórico (Foto: Ricardo Welbert/G1)
Comemoração dos 300 anos
Para celebrar o tricentenário, a Prefeitura colocou em prática um pacote de ações com o objetivo de recuperar monumentos históricos e modernizar várias regiões da cidade. “Nos últimos anos, tivemos a concretização de vários convênios com o Governo de Minas e o governo federal para fomentar a cultura, como recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o Museu de Artes Sacras, reforma da estação para abrigar o Museu da História, restauração de imagens sacras, forro do Museu e o interior da Igreja de São Francisco”, explicou o secretário de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, Antônio Marcos Lemos.
Ainda segundo Lemos, a cidade completa 300 anos com aspecto diferente. “Estamos mostrando o resultado de trabalho que não visa apenas fazer com que Pitangui se torne mais procurada por pessoas em busca de cultura e entretenimento. O maior sonho dos pitanguienses com o presente é ter a Igreja de São Francisco aberta, o que ocorrerá no próximo dia 14. O mais interessante é que, nos últimos anos, a mentalidade da própria população mudou bastante no que diz respeito à preservação da cultura. Mudou para melhor”, acrescentou.
Mina da Gameleira, no bairro de mesmo nome, foi
reformada (Foto: Antônio Lemos/Arquivo pessoal)
Obras pela cidade
Marcos Antônio Barbosa Lobato, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, disse que 90% da cidade recebeu obras nos últimos dois anos. “Recuperamos muitas praças e também a Mina da Gameleira, que estava bastante danificada. Asfaltamos e calçamos várias ruas e instalamos 524 postes em todos os bairros. Foram cinco mil metros de calçamento já feitos. Quando a atual gestão iniciou o mandato, só 50% da cidade tinha rede de esgoto. Hoje, são 90%”, afirmou.
Ainda segundo Lobato, todas essas obras foram feitas com dinheiro que o município capta por meio de impostos como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Para o atual prefeito, Marcílio Valadares, os investimentos foram feitos nos últimos anos para deixar Pitangui pronta para receber visitantes e comemorar 300 anos com qualidade de vida. “Fizemos grandes investimentos em infraestrutura, cultura, saúde, educação e esporte. Uma das nossas expectativas é inaugurar, ainda em 2015, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Já estamos construindo o imóvel que será a sede desse serviço”, disse o chefe do Executivo.
No quadro de empregados, a Prefeitura de Pitangui tem 668 servidores. “Todos os nossos pagamentos a pessoal e a fornecedores estão em dia. Temos o orgulho de dizer que somos um dos poucos municípios que não têm sequer uma dívida em atraso. Administrar a cidade no ano do tricentenário, com muitas obras e com todas as contas de em dia é motivo de muito orgulho para todos nós”, finalizou Valadares.
Casarão histórico exibe flâmula alusiva aos 300 anos de Pitangui (Foto: Antônio Lemos/Arquivo pessoal)