Inexplorada, Gâmbia quer usar suas cores e cheiros para atrair turistas

O porto martimo de Banjul ao amanhecer adquire um ritmo frentico. Os gambianos realizam muitas de suas atividades comerciais ao longo do rio Gmbia, que a vrtebra deste pas do oeste da frica.

Homens que arrastam uma vaca que resiste a entrar na embarcao, mulheres usando chamativos vestidos, carros com frutas. Tudo vai se acomodando no ferry, que minutos depois sulca as guas em uma viagem de Banjul a Barra, que leva cerca de 45 minutos.

Em seguida uma estrada asfaltada e em algumas vezes pistas de areia levam at Jufureh, uma zona rural s margens do rio, que faz parte dos enclaves tursticos deste pas.

Jufureh abriga o Museu do Escravo. Trinta quilmetros rio adentro fica a ilha Kunta Kinteh, patrimnio da humanidade, onde primeiro os portugueses e depois os ingleses reuniam escravos para lev-los para a Amrica.

“Hoje em dia sobraram as runas do antigo forte”, comentou Steven, um nativo encarregado de mostrar as dependncias agncia Efe.

A ilha reunia a necessidades dos traficantes de escravos, a possibilidade de embarcaes sondarem a regio e a pouca disposio de africanos para se aventurar a resgatar seus semelhantes.

“Os escravos mais fortes eram fechados em celas isoladas, no podiam sair e quando muito recebiam alimento; era preciso debilit-los para evitar rebelies a bordo” acrescentou Steven, que conta que “a cada duas semanas chegavam navios para carregar escravos. O trfico era contnuo”.

A Gmbia, um dos pases mais pobres do continente africano tenta recuperar o turismo perdido para o ebola, doena que na verdade nunca entrou no pas.

O presidente do Conselho de Cultura e Turismo, Bunama Njie, afirmou Efe que a Gmbia tem o objetivo “de alcanar 1 milho de turistas at 2020”.

“Estamos desenvolvendo o turismo ecolgico, o turismo de gente que quer viajar para respirar, alm dos clssicos tours”, acrescentou.

Na estao verde, a poca de chuvas que vai de maio a outubro, o turismo diminui consideravelmente e os preos caem 30%.

” uma poca ideal para visitar o pas. No chove por mais de uma hora e, depois da chuva, as cores e os cheiros so intensos, valem a pena”, diz Njie. “Queremos que os pases do sul da Europa nos visitem nessa poca do ano, que coincide com o perodo de frias do hemisfrio norte”.

O Sandale Eco-Retreat and Learning Center um exemplo de turismo ecolgico. A trs quilmetros da aldeia de Kartong, ocupa 25 hectares de floresta tropical que terminam em uma imensa praia de areia branca.

O hotel e o centro de estudos empregam direta ou indiretamente 70% dos habitantes de Kartong, que depois de 25 anos assumiro a propriedade da Sandale Eco.

O galego Pablo Pereira e gambiano Gilbert Jassey so os encarregados do hotel e das atividades, que incluem ioga e meditao.

Carmen Clara/Efe

O galego Pablo Pereira (esq.) e o gambiano Gilbert Jassey, chefes do hotel Sandale Eco-Retreat
O galego Pablo Pereira (esq.) e o gambiano Gilbert Jassey, chefes do hotel Sandale Eco-Retreat

” uma regio ideal para descansar e contemplar as aves, centenas de pssaros vivem nas rvores, e o observatrio de Kartong um dos melhores da Gmbia”, disse Jassey.

Ao entardecer, as barcas de intensas cores que saram para trabalham retornam ao porto de Tanji.

A pesca levada para a terra, mulheres com baldes na cabea oferecem o pescado, outra parte dos peixes descansam sobre mesas de madeira, as gaivotas disputam as vsceras e o cheiro de lenha se mistura com o de salitre.

Em pequenas dependncias alguns homens arrumam o pescado para envi-lo para outras partes do pas.

No muro do local de secar de pescado h uma pintura que alude ao clube espanhol Barcelona. Gmbia “the samiling coast”, um pas de 1,8 milho de habitantes e com expectativa de vida de 58 anos, vibra com o futebol espanhol ao som dos tambores.