Mostra em Versalhes revive o ocaso de Luis 14, o Rei Sol

A morte de Lus 14, h 300 anos, marcou para muitos o incio do fim da monarquia na Frana. Uma exposio revive em Versalhes o ocaso do rei Sol, relembrado com um fascinante espetculo barroco, sombrio e superlativo.

Poucos reis inspiraram tantos estudos, biografias e descries minuciosas da corte, mas nunca tinha sido dada tanta ateno sua morte, ocorrida em 1 de setembro de 1715, aos 77 anos, aps 72 anos de reinado, o mais longo at agora entre as grandes monarquias europeias.

Para montar “O Rei Morreu”, Versalhes recorreu ao grande regente de pera italiano Pier Luigi Pizzi, que assina esta exposio apresentada em nove partes.

A agonia de Lus 14 foi to curta quanto longo foi o seu reinado, marcado no entanto por srios problemas de sade.

Ao fim de agosto de 1715, j desfalecendo devido s complicaes de uma perna gangrenada, o rei sente que chega seu fim. “Vou embora, mas o Estado durar para sempre”, diz aos seus conselheiros.

Ele manda chamar seu bisneto, o futuro rei Lus 15, e lhe d alguns conselhos, entre eles “evitar na medida do possvel fazer a guerra”. Em 1 de setembro, s 8h15 da manh, uma vela permite constatar que o rei parou de respirar.

At ento, seguido um ritual funerrio que a exposio apresenta nos mnimos detalhes, da mesma forma em que o rei exibiu sua vida na corte como um espetculo permanente, que acabou demonstrando ser um eficaz sistema de poder.

ESTTICA DO LUTO

O visitante chega exposio por uma escadaria ao fnebre som de uma marcha de percusses e metais. Acima o espera a reconstituio de um imponente tmulo com 30 metros de altura. Dos esqueletos seguram uma coroa rodeada de veludo preto sobre o caixo, coberto por ornamentos reais.

A partir dali, segue-se para as outras salas, que exploram todos os aspectos da morte do rei. Comea pelo embalsamamento e a separao do corao, preservado na igreja de Santo Antnio, o que lhe permitir escapar das profanaes da Revoluo Francesa na baslica de Saint-Denis, onde o resto do corpo –e de outros reis franceses– foram atirados em uma cova comum.

Segue-se para uma sala com a marca do luto, com todos os matizes e variantes em funo das casas reais europeias. De um carmesim violeta ao preto persistente at os nossos dias, passando pelo mais extremo, um branco imaculado usado por Maria da Esccia.

A mostra termina com uma resenha de como parte dos ritos funerrios da monarquia inspiraram o protocolo republicado at os nossos dias.

“O Rei Morreu” ficar aberta no palcio de Versalhes at 21 de fevereiro de 2016.