Um passeio por Roma e Condesa, os bairros da arte e da moda na Cidade do México
A cena noturna da Cidade do México está em mutação. A Zona Rosa, antigo reduto das baladas ‘hypadas’, está perdendo espaço para os bairros vizinhos de Roma e Condesa. Localizados na zona oeste da capital mexicana, eles reúnem uma vida cultural ativa, restaurantes da moda, bares concorridos e uma infinidade de galerias, livrarias e cafés descolados.
Divulgação/Conjeso de Promocion Turística
As duas colônias –como são chamados os bairros em D.F– viveram períodos de opulência entre 1850 e 1950. Durante esse período, foram lar da aristocracia mexicana. Entre os reflexos dessa época, estão as grandes mansões com arquitetura art déco e as amplas ruas que emulam os elegantes bulevares parisienses.
Os anos se passaram, a região caiu em decadência e muitas de suas casas foram abandonadas, principalmente depois do grande terremoto de 1985, que danificou muitas construções.
Apenas nos últimos dez anos essa história ganhou outro rumo. Artistas, intelectuais e escritores começaram a se estabelecer no bairro, atraídos pelas áreas verdes, belas praças e os aluguéis mais em conta. Com eles, vieram os estabelecimentos de vanguarda e o clima multicultural que hoje domina Roma e Condesa.
Ambas podem ser desbravadas a pé, em um roteiro único. Durante o dia, são ótimas para passeios tranquilos e visitas aos parques, livrarias e galerias de arte. Quando cai a noite, o cenário muda e a região vira uma festa com gente bonita circulando pelas calçadas e avenidas em busca dos melhores restaurantes e baladas.
Conheça abaixo um pouco mais sobre estes dois bairros da capital mexicana.
Todos os caminhos levam a Roma
Roma ressurgiu das sombras e se transformou em uma das áreas mais agradáveis da Cidade do México para passear. Basta visitá-la nos finais de semana principalmente para comprovar sua pulsante vida boêmia, com bares e restaurantes cheios, ir e vir de pessoas e o burburinho do mercado de pulgas da avenida Alvaro Obregón, a via principal do bairro, com seu grande bulevar.
Para percorrer a região a pé, uma boa opção é começar pela rua Colima. Vale caminhar devagar para olhar com atenção as várias lojas de roupas da nova geração de estilistas e de acessórios de design. É o caso da Sicario Store, que ocupa um loft de dois andares e tem como principal atração as camisetas com estampas desenhadas por jovens artistas mexicanos, além de óculos, carteiras, jeans e outras peças para completar o look.
As galerias também mostram o que há de mais inovador sendo produzido pelos artistas locais. Na Vértigo, a proposta é apresentar as novas tendências da cultura popular contemporânea. Ela tem duas salas de exposição nas quais se revezam mostras de design, ilustração, pop surrealista, entre outras vertentes.
Acompanhando a tendência vanguardista da região, não poderia faltar por aqui um hotel boutique, categoria de hospedagem que cada vez mais faz sucesso no país. Com apenas 17 apartamentos, o Brick Hotel tem decoração assinada por artistas mexicanos e um terraço perfeito para ver o movimento tomando um drinque na happy hour.
Seguindo adiante, chega-se à avenida Alvaro Obregón. Artéria principal do bairro, esse charmoso bulevar tem árvores frondosas, fontes e esculturas de bronze. No número 99, uma parada obrigatória é a Casa Lamm. O palacete suntuoso de 1911 abriga centro cultural, galeria de arte e restaurante.
Quer um descanso? Logo em frente há um destino providencial: a Caravanserai Maison Francaise de Thé, uma casa de chá com mais de 150 variedades de blends e quitutes deliciosos. Outra opção é andar algumas quadras a mais e relaxar na praça Rio de Janeiro ouvindo o barulhinho da água jorrando na enorme fonte bem ao centro, ou escolher uma das mesinhas na calçada do Café Toscano, ali pertinho.
Antes de partir do bairro de Roma, é preciso conhecer o Mercado de Medellín. Nesse lugar, os cheiros das ervas aromáticas, as frutas tropicais, os gritos dos comerciantes e a rudeza dos utensílios de barro oferecem uma mostra da vida na casa da família mexicana comum. Um belo contraponto às novidades da colonia e mais uma prova da razão pela qual essa região vem se firmando como um retrato multicultural da cidade.
Condesa, a vizinha cool
Depois de bater perna por Roma, é hora de conhecer a colônia vizinha: Condesa. Caso fossem irmãs, a primeira seria a filha, digamos, mais low profile, enquanto, separada apenas por algumas ruas, Condesa levaria o título de descolada. Intelectuais, artistas, yuppies e criativos habitam este território repleto de centros culturais, lojas de roupas alternativas, livrarias, galerias de arte, bares com música ao vivo e restaurantes de todos os tipos – das cozinhas autorais à gastronomia mexicana. A principal diferença entre os dois bairros? Aqui todos praticam com mais afinco o principal esporte local: ver e ser visto.
O ponto de partida para conhecer a região é o epicentro do agito, formado pela região entre as ruas Vicente Suárez, Amatlán, Mazatlán e Atlixto, onde se concentram os locais mais disputados, como a loja de roupas Soho, templo da turma trendy da capital.
Não longe dali, na rua Atlixco, a Kultre é outro reduto dos jovens, que passam um bom tempo papeando nos sofás ao som do DJ que agita o espaço dedicado à música eletrônica e a área voltada para a moda alternativa.
Porém, Condesa não é apenas badalação. Quem não é afeito às modernidades também tem um belo programa: simplesmente caminhar por seus amplos bulevares com árvores centenárias, admirar as construções em estilo art déco e neoclássico, curtir a tranquilidade das belas praças España e México, esta construída durante os anos 20 –com sorte, você pode acompanhar um concerto ou ver uma peça no seu teatro ao ar livre.
Para encerrar a jornada pelos bairros, vale selecionar uma mesinha estratégica nos vários cafés e restaurantes para observar o movimento. Gostou da proposta? Então siga para a avenida Amsterdam até o aterraza do restaurante Matisse, no número 260, e saboreie os doces e um café bem tirado enquanto acompanha o cair da tarde.