Com lama, turistas cancelam reservas de Réveillon em vilarejo afetado no ES
Comerciantes e donos de pousadas achavam que o vero de 2016 seria o melhor da histria de Regncia, vilarejo no encontro do rio Doce com o mar, no Esprito Santo. Mas a lama com rejeitos de minrio que chegou no sbado (21) ao local j levou turistas a cancelar reservas para o Rveillon e ameaa at o Carnaval.
O rompimento da barragem da Samarco empurrou a lama at a foz do rio Doce e, em seguida, ao mar. Por isso, carros de som passam nas ruas de Regncia pedindo que as pessoas no utilizem a praia.
Conhecida como uma vila pacata de pescadores, onde se reproduzem tartarugas marinhas, Regncia viu florescer o ecoturismo nos ltimos cinco anos. Pessoas buscam a vila para passeios de caiaque, trilhas ecolgicas e a carebada, que a observao noturna da postura de ovos das carebas, nome indgena dado s tartarugas marinhas.
Alm do ecoturismo, o comrcio local passou a lucrar com a chegada de surfistas atrados pelas ondas de tubo perfeitas da praia local. Hoje, Regncia ainda depende da pesca, mas os empregos no turismo e no projeto Tamar (de preservao das tartarugas) ajudam a sustentar a vila.
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INVESTIMENTOS
Neste ano, Gizzely Veloso Missagia, 39, se surpreendeu com o movimento em sua pousada, a Vila Srgio, mesmo na baixa temporada, em junho. Ela se animou a anunciar um Natal com direito a ceia.
Gastou cerca de R$ 100 mil com pintura, novos mveis, colcho, cortinas e roupas de cama. Todos os quartos j estavam reservados, mas a notcia de que a tragdia de Mariana desembocaria em Regncia levou ao cancelamento de 100% das reservas.
Gizzely precisa, ainda, encontrar um meio de reembolsar os clientes que j haviam pago metade da reserva. “Eu usei esse dinheiro para investir na pousada, porque 2016 seria nosso melhor vero. No sei o que vou fazer.”
At o Carnaval vai sofrer os efeitos da tragdia: os quartos estavam todos reservados, mas as ligaes para cancelamento j esto ocorrendo.
A empresa de ecoturismo de Fbio Gama, 39, est praticamente fechada. Nesta poca, cerca de 40 pessoas alugavam os caiaques para passeios no rio aos fins de semana. Desde que a lama chegou, a procura caiu a zero.