Afonso Louro da Visual: “nos acostumamos com crescimento de dois dígitos”

Com mais de 50 anos de atividades no ramo da indústria do turismo e viagens e completando 29 anos à frente da Visual Operadora em 2015, Afonso Gomes Louro mantém em alta suas metas e objetivos para este ano, não se deixando abater por especulações e prognósticos econômicos: “Não paramos nenhum processo ou planejamento, continuamos fazendo tudo o que devemos fazer. O momento é mais político que econômico”, disse em entrevista ao DIÁRIO.

Com uma facilidade na apresentação de suas ideias e falando de forma cadenciada, o presidente da Visual não deixa de adiantar algumas novidades sobre o workshop da Visual, que acontece no próximo mês de junho, no Club Med, em Itaparica. Explica como vai funcionar o encontro com agentes de viagens e quais foram os critérios para a participação desses profissionais. Acompanhe:

DIÁRIO – Como você vê, hoje, a situação econômica do país, em especial a do turismo, levando-se em conta essas oscilações de mercado?

AFONSO LOURO – Durante toda a minha vida profissional passei por todos os modelos de crise. Eu considero esse momento muito mais político do que econômico, o que faz com que ele demore um pouco mais para se resolver. Sempre fui uma pessoa extremamente otimista e continuo da mesma forma. Nós não paramos nenhum processo ou planejamento, continuamos fazendo tudo o que devemos fazer, teremos, em junho, o nosso workshop no Club Med, ou seja, não interrompemos nenhuma ação por conta de crise. Eu acho que a crise você é que faz o tamanho. Em crises é que surgem também oportunidades.

Tivemos uma retração nas vendas, em torno de 9%, mas continuamos otimistas. Na contrapartida, temos percebido que o nosso cliente tem comprado com muito mais antecedência. Estamos com uma demanda grande já para o final do ano, réveillon, verão, janeiro. Continuamos com o nosso planejamento. Estamos contratando uma série de novos produtos para a temporada de final de ano com as companhias aéreas. Estamos otimistas. Eu acho que em algum momento isso vai passar e as coisas vão melhorar.

DIÁRIO – Esses 9% não é muito?

AFONSO LOURO – Nada que assuste tanto. É que, na realidade, nos acostumamos com crescimento de dois dígitos. Nos anos passados nós sempre crescemos dois dígitos. Historicamente, nós vendemos 35%, 40% no primeiro semestre e 60% ou 65% no segundo semestre. Estamos apostando também que o segundo semestre seja melhor e que as coisas se normalizem.

DIÁRIO – No lançamento do workshop, você disse que a operacionalização é feita pela própria Visual. Isso remete ao tema de vocês: “Mais Visual”?

AFONSO LOURO – Sim. É uma demonstração para os nossos clientes e agentes de viagens da nossa capacidade de operar grandes eventos, que nós fazemos também. Nós não usamos nenhum recurso externo para fazer a logística e a operação do nosso evento. Nós fizemos no final de semana o nosso evento lá em Belo Horizonte, que foi coroado de um sucesso muito grande, tivemos perto de 400 agentes de viagens participando no nosso evento, um evento que também foi organizado com a nossa equipe lá em Belo Horizonte. O sucesso foi tremendo.

DIÁRIO – Sabemos que esse workshop é baseado na meritocracia, ou seja, é feito uma seleção dos agentes de viagens. Como é essa seleção?

AFONSO LOURO – É um evento de trabalho. Existem alguns momentos de lazer e descanso, mas o objetivo do evento é muito claro e transparente. É um evento de trabalho. Temos dois dias inteiros de trabalho. A forma e o critério: 30% são os nossos melhores clientes. Aqueles clientes tradicionais. 40% é por meio de uma corrida de vendas, que iniciamos em fevereiro e termina no final de maio. O restante são convidados nossos, agências que despontaram, que começaram a trabalhar recentemente mas já estão com uma produção significativa. É um evento bem democrático. Damos oportunidades a todos que queiram participar.

No workshop da Visual as capacitaes dos agentes de viagens so feitas nas sutes dos hotis (Fotos: DT)

No workshop da Visual as capacitações dos agentes de viagens são feitas nas suítes dos hotéis (Fotos: DT)

DIÁRIO – Vocês têm 12 bases. Delas, quais se destacam?

AFONSO LOURO – Belo Horizonte é a nossa principal base. Ela participa de em torno de 21% e 23% do nosso negócio. Temos também o Rio de Janeiro e Curitiba, que são importantes bases também.

DIÁRIO – Alguma novidade a acrescentar?

AFONSO LOURO – Estamos trabalhando até o final de maio para entregarmos um novo sistema, no portal, da parte internacional. Estamos correndo para poder entregar aos agentes esta ferramenta onde eles poderão fazer cotações ou vendas internacionais sem dependência nenhuma, pelo portal.

DIÁRIO – Quanto isso expande no seu share?

AFONSO LOURO – O nosso projeto para a Visual é termos 60% de turismo doméstico, nacional, e 40% internacional. Hoje, o internacional representa em torno de 25% a 28%. Com essa ferramenta devemos chegar aos 40%. Esse é o nosso desafio.