‘Caminho dos Engenhos’ é rota obrigatória para amantes de cachaça
Por Eduardo Vessoni
A partir dos próximos meses, as temperaturas naquelas terras serranas variam de 12°C a 18°C, os dias são mais frios e rola até uma neblina entre montanhas, nas manhãs mais geladas.
Não parece, mas esse cenário fica em pleno Nordeste, na região do Brejo, na Paraíba.
Mais do que construções históricas e berço de artistas como Pedro Américo e Jackson do Pandeiro, o destino tem na cachaça sua melhor inspiração para um turismo que vai além dos roteiros de praias desse pequeno estado nordestino. Segundo produtores locais, a qualidade do produto local se deve a fatores como a presença de terra roxa e clima mais ameno.
Eduardo Vessoni
Conhecida como ‘Caminho dos Engenhos’, a rota cruza antigos casarões e engenhos de cana-de-açúcar dessa microrregião do agreste paraibano, formada por cidades minúsculas do interior como Areia, Bananeiras, Pilões, Serraria e Alagoa Grande.
Localizado a 120 km de João Pessoa, aproximadamente, o Brejo abre suas janelas coloniais para as serras locais e escancara portas de engenhos centenários para visitantes que queiram conhecer a produção de cachaça e rapadura artesanais.
Eduardo Vessoni
Nesse projeto em parceria com o Sebrae e o PBTur (órgão de promoção do turismo da Paraíba), participam 15 engenhos, onde é possível conhecer o processo de fabricação de produtos de engenho e até realizar trilhas.
Conheça engenhos da rota:
Cachaça Volúpia
Eduardo Vessoni
Localizado na zona rural de Alagoa Grande, a 103 km de João Pessoa, o Engenho Lagoa Verde tem gastronomia caprichada à base de cachaça, como o carneiro na cachaça do restaurante Banguê, e bebidas orgânicas, envelhecidas em barris de carvalho e de freijó.
Essa cachaça, considerada a primeira vendida em garrafa de porcelana, tem 42% de teor alcoólico e sabor discreto que não causa o famoso ardor na boca ao ser ingerida.
Esse engenho de 105 hectares, que chega a produzir 200 mil litros durante a safra que vai de outubro a março, conta também com quatro trilhas de até 4h30 de duração e que passam por nascentes e cachoeiras.
Aguardente Rainha
Eduardo Vessoni
Sob os cuidados da quarta geração da mesma família, o Engenho Goiamunduba funciona em Bananeiras desde 1877 e é responsável por uma das aguardentes mais famosas do Brasil.
Sem a mesma estrutura turística dos outros estabelecimentos da região, os funcionários fazem de tudo quando chega alguém interessado em conhecer as etapas da produção, como os setores da moenda da cana-de-açúcar, fermentação e engarrafamento.
De sabor acentuado e 50% de teor alcoólico, daí a denominação aguardente e não cachaça, a bebida é armazenada em barris de madeira de freijó.
Cachaça Cobiçada
Localizado no município de Serraria, o Engenho Martiniano tem 318 hectares e data de 1892.
O local é responsável por essa cachaça com 40% de teor alcoólico, armazenada em barris de umburana.
Durante a visita guiada é possível conhecer a área de produção da bebida, de onde saem 100 mil litros anuais; a cenográfica capela com interior de madeira; e uma lojinha, onde é possível degustar alguns produtos do engenho.
Destaque para a vista panorâmica que se tem do alto da colina onde funciona o engenho.
Cachaça Triunfo
Eduardo Vessoni
Embora não seja um engenho tradicional, este estabelecimento da cidade de Areia é uma das opções com melhor estrutura em todo o roteiro da cachaça do Brejo Paraibano.
A ex-professora de História e uma das proprietárias do engenho, Maria Júlia, emociona com o tour guiado contado em forma de versos e em ritmo acelerado.
A cachaça de até 48% de teor alcoólico e produção de 250 mil garrafas mensais repousa em madeira de carvalho durante três meses. Destaque para o jardim com quatro opções de cachaça para degustação, sucos naturais e sorvete de cachaça, claro.