Campus Party alcança 40% de mulheres no evento
A 11ª edição da Campus Party está quase igualando o número de mulheres participantes com o de homens pela primeira vez. Em 2018, o número de garotas no evento chegou aos 40% em comparação com a edição de 2016, que tinha 27% de meninas.
Segundo o diretor geral da Campus Party, Tonico Novaes, é um processo que começou internamente desde a produção, patrocínio e outras atividades que estão associadas ao evento.
“Nós estamos trabalhando com diversas iniciativas, como Women in Technology, Women in Science, também trouxemos mulheres para serem embaixadoras do evento, além de palestrantes. A minha própria equipe têm 90% de garotas. O ideal é chegar aos 50% e equilibrar o número de mulheres que gostam de inovação, tecnologia, ciência e empreendedorismo e que possam contribuir de verdade para o evento”.
Para Laiane Ricardo, estudante de Análise de Sistemas, em Goiás, saber que o número cresce é uma felicidade, já que meninas não são valorizadas na tecnologia, ainda mais se forem mulheres negras.
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Créditos: Patrícia Gonçalves
“Por ser mulher e negra nós temos que matar dois ursos por dia, ainda mais em uma área predominante de homens, tem que ser muito guerreira pra continuar. Nós somos desestimuladas na tecnologia, na minha turma são quatro meninas para quarenta meninos. Eu pretendo seguir nessa carreira, não desistir e atuar na área de banco de dados e otimização de consultas”, contou.
Pra quem participa da edição há uma década, a mudança é positiva e uma quebra de paradigmas no mundo geek, que ainda é bem machista. A empresária, gamer e casemodder, Débora Rodrigues de Jesus, completa dez anos de Campus Party e seis anos de participação com o coletivo que modifica CPUs.
“Eu jogo muito e tem muito machismo. Quando estou jogando eu não uso um nome feminino porque existe preconceito. Eles dizem: “é mulher releva”, “tinha que der mulher”. Se eu estou em um jogo os homens assediam online e oferecem coisa durante o jogo. Cada ano isso diminui, mas ainda existe”.
Créditos: Patrícia Gonçalves
A palestra “O preço de ser diferente”, de Viviane Cristina de Souza, relata justamente a dificuldade das minorias no mercado de trabalho. A analista de sistemas vem de uma cidade com 20 mil habitantes, Brodowski, no interior de São Paulo. Durante o seu discurso, ela ressalta que venceu o machismo e as dificuldades financeiras pra discursar na sua 4ª Campus Party.
“Eu trabalho como autônoma porque não consigo uma colocação nem como suporte. Há 8 anos atrás eu decidi que eu não queria ser só costureira, dona de casa e mãe. Eu quase passei fome para realizar o meu sonho. É muito preconceito, perdi amigos, família porque eles achavam que os sonhos não pagavam as contas, e eles pagam mais do que as contas”.
O diretor geral do evento ainda ressaltou que junto às garotas da Comunidade CPBr foi criado um código de conduta, pela primeira vez, que não tolera qualquer tipo de assédio e preconceito dentro da CP. Durante a programação acontecem duas apresentações feitas por mulheres, de acordo com Tonico, são imperdíveis.
“Sharron L McPherson, que saiu do Wall Street e traz um pouco do empoderamento feminino, além da nossa embaixadora Aline Carvalho”.