"Considerações sobre turismo e sustentabilidade" – Correio do Estado

Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o ecoturismo é um “segmento de atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”. 

Em outras palavras, o ecoturismo (ou turismo ecológico) é um segmento em que a principal motivação do turista é a observação e apreciação dos ambientes naturais, o que contribui para sua preservação. Além disso, essa modalidade envolve a realização de atividades que possam proporcionar o conhecimento e a vivência na natureza.

O turismo ecológico é o que mais tem crescido nos últimos anos no mundo. A Organização Mundial de Turismo (OMT) estima que 10% dos turistas em todo o mundo têm como preferência esse ramo turístico, cujo faturamento, no mundo, é estimado em US$ 260 bilhões, dos quais o Brasil se beneficia com cerca de US$ 70 milhões.

O Brasil é reconhecido internacionalmente pela abundância de fatores que o apontam como país de maior potencialidade para o desenvolvimento do ecoturismo. É um País repleto de belezas naturais ou de obras produzidas pelo homem, certificadas pela Unesco como “patrimônio da humanidade”, como, por exemplo, Olinda (PE), que contrasta a arquitetura antiga com a beleza do mar; Ouro Preto (MG), exemplo da arquitetura barroca; e o Parque Nacional do Iguaçu (PR), com 272 quedas-d’água de até 82 metros de altura.

Mesmo que o trânsito de veículos e pedestres possa ser agressivo ao estado natural desses ecossistemas, os defensores de sua prática argumentam que o ecoturismo contribui para a preservação desses habitats, além de ser um dos principais meios de educação ambiental, pois permite a conscientização, a integração e o desenvolvimento econômico das comunidades locais em áreas de preservação ambiental.

Para que uma atividade possa ser considerada como de ecoturismo, ela deve garantir: conservação dos recursos naturais e culturais; geração de benefícios para as comunidades receptoras; e educação ambiental.

Entre as atividades previstas como típicas do ecoturismo – porque têm em comum o fato de serem praticadas em meio ao ambiente natural –, mencionam-se: tirolesa, cavalgada, cicloturismo, observação da fauna e flora, parapente, asa-delta, balonismo, rapell, boia-cross, turismo geológico, trilhas e caminhadas.

Na região de Bonito e Jardim, no Estado de Mato Grosso do Sul, como exemplo há o passeio de flutuação em rios de água cristalina, com uma alta biodiversidade. Nesta atividade, o turista flutua com equipamentos específicos, geralmente em águas com pouca velocidade de correnteza, e observa a fauna e flora aquáticas.

Esta prática de turismo pode ser um grande incentivador da sustentabilidade, pois atua diretamente com um dos setores da sociedade mais importantes para o exercício dessa atividade: o meio ambiente natural. O principal objeto dessa atividade turística deve ser a conscientização dos visitantes para a importância da manutenção das áreas exploradas, tanto para a própria atividade de ecoturismo quanto para a qualidade de vida da população. As atuais crises ecológicas demonstram que, mesmo com todos os avanços tecnológicos, o ser humano ainda não conseguiu perceber que depende totalmente dos recursos naturais para sua existência.

Portanto, da natureza nada se tira, a não ser fotos; nada se deixa, a não ser pegadas; por fim, nada se leva, a não ser recordações.