Em busca da aurora boreal no norte do Canadá

*Por Joliane Ribeiro

Observar a aurora boreal está na lista de destinos dos sonhos de muitos viajantes, entretanto, no momento que começam as pesquisas sobre esse fenômeno, a maioria das pessoas acabam deixando o roteiro para trás–as distâncias são muito grandes para nós brasileiros, os preços nada atrativos e há pouca informação disponível.

Independente do país polar que escolha, esse espetáculo da natureza é quase imprevisível, pois depende de diversos fatores para sua aparição, como por exemplo: explosões solares (que acontecem ao acaso), isenção de nebulosidade e de interferência de luzes da cidade. Sendo assim, na prática, “caçar” a aurora boreal significa procurar uma região distante, escura e sem nuvens, portanto tenha paciência e, se possível, flexibilidade com a quantidade de dias despendidos a esse objetivo.

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Para viver essa aventura, escolhemos Whitehorse, uma cidadezinha no Estado canadense de Yukon, muito próxima ao Alasca. Fomos com o único intuito de observar a dona aurora, mas acabamos nos surpreendendo com uma região encantadora, repleta de paisagens de arrancar o fôlego.

Esse fenômeno acontece sempre nos meses mais frios e escuros do ano –no Canadá, entre final de agosto ao começo de abril.

Como não havíamos encontrado muita informação, reservamos apenas hospedagem pela internet. Ao pisar na cidade nos demos conta de que se não alugássemos um carro ficaríamos “presos” no hotel devido ao frio congelante ou muito restritos em relação a locomoção, já que o serviço de táxi era bem limitado.

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Era novembro e a temperatura variava entre -5° e -17°C, com sensação térmica equivalente a “estou perdendo meus dedinhos”, portanto, prepare-se! Utilize roupas apropriadas para tais temperaturas da cabeça aos pés e, caso não possua, os supermercados da cidade oferecem ótimas peças a baixo custo.

Assim que chegamos, fomos caminhar pelo centrinho da cidade e encontramos muitas opções de tour para a famosa Northern Lights, como é chamada a aurora boreal pelos canadenses. Nós nos baseamos para escolha dos dias na previsão divulgada pelos sites www.accuweather.com e www.auroraborealisyukon.com, mas lembre-se: visualizar a aurora não depende apenas da atividade solar em si, mas de diversos outros fatores.

No primeiro dia estava nevando, sem condições de visualização, então poupamos nosso bolso do gasto desnecessário. Já para o segundo e terceiro, a previsão era otimista e o céu já estava limpo. Fechamos então duas tentativas (dois dias) com uma agência para avistar a atividade boreal e pagamos CAD$ 125/dia por pessoa, o equivalente na cotação atual a R$ 315/dia. Refiro-me a tentativas porque não há garantia de visualização e muito menos devolução do dinheiro, em caso negativo.

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O tour diário incluía transfer do hotel até a cabana na qual passamos mais ou menos 5h durante a noite aguardando a aparição da famosa luz verde (ou se tiver muita sorte, tons de vermelho, roxo e até rosa), diversas opções de bebidas quentes para disfarçar o frio, alguns aperitivos, aquecimento interno e fogueira para quem quiser assar marshmallows.

Para chegarmos até as cabanas, afastamo-nos cerca de 40 min da cidade, justamente para fugir da iluminação e ter melhor visibilidade.

A captura de boas fotografias exige câmeras que possibilitarem configuração manual. Caso não tenha tanta prática, a equipe da agência está mais que acostumada a socorrer a galera, além de disponibilizarem diversos tripés. Fiquem atentos ao equipamento em relação às baixas temperaturas –minha lente simplesmente congelou por ter ficado horas exposta.

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Na primeira tentativa não tivemos muita sorte e não vimos sequer um pontinho de luz verde no céu. Na segunda pudemos observar uma aurora tímida e passageira, mas suficiente para me emocionar. A previsão dizia que no dia seguinte a atividade seria muito forte, mas já era dia de voltar. A possibilidade de realizarmos nosso sonho por completo nos fez remarcar o voo e apostamos em mais uma tentativa. Xeque-mate!!! Melhor decisão da vida. Fomos muito sortudos (sorte sim, pois muitos partem sem apreciá-la) e vimos o que chamo de “aurorão”, que deu sua graça por mais de duas horas.

Durante o dia, aproveitávamos para conhecer as belezas dos arredores. A região oferece diversas atividades ao ar livre e à prática de esportes com grande contato com a natureza, como por exemplo: canoagem, trekking, tours de bike, pesca esportiva ou em lagos congelados, passeios de snowmobile ou com trenós puxados por cachorros, sempre respeitando o nível de experiência do visitante. Mas, para quem deseja apenas admirar a paisagem, a região surpreende.

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Outro passeio interessante é a degustação na microcervejaria Yukon Brewing. O ticket de apenas CAD$ 5 inclui visita guiada sobre todo o processo de fabricação e ao final os turistas podem degustar mais de 6 cervejas diferentes.

Restam agora as boas lembranças de uma das viagens e experiências mais incríveis de nossas vidas. Com certeza o @japisei voltará à Whitehorse um dia! Que venham outras Auroras.

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Joliane Ribeiro, 29 anos, é publicitária e autora do canal @japisei, no Instagram