Ervideira investe meio milhão no enoturismo e na reestruturação de vinhas

A Ervideira está apostada em valorizar os seus vinhos, concluída que está a operação de reestruturação acionista na empresa. Duarte Leal da Costa é o novo acionista maioritário, pretendendo manter a empresa alentejana com o seu cariz familiar. Só este ano, está a investir mais de meio milhão de euros no enoturismo e na reestruturação de vinhas.

Enquanto sociedade por quotas, a Ervideira foi formalmente constituída em 1992, embora a produção vitícola na família remonte a 1880. A revolução de Abril obrigou à suspensão da produção, retomada em 1998. “Embora a Ervideira tenha sido, sempre, uma empresa familiar, eu só tinha 10% do capital e ninguém pode assumir decisões de desenvolvimento ou estratégia com uma posição dessas. E como sempre me opus, completamente, à entrada de capitais externos à família, achei que era altura de reforçar a minha posição, adquirindo uma maioria tranquila”, explicou Duarte Leal da Costa ao Dinheiro Vivo, sem, no entanto, referir os montantes envolvidos na operação.

Feitas as partilhas na família, Duarte Leal da Costa adquiriu grande parte da participação da sua mãe e irmãos e é hoje o sócio maioritário da empresa de vinhos alentejana, com 73% do capital. Os seus filhos, a quinta geração, começam a trabalhar na empresa em 2018, com enfoque na conquista de novos mercados. A subida na cadeia de valor dos vinhos Ervideira é a grande aposta, a par do enoturismo.

A compra da empresa, diz, “obriga a novas estratégias”. Só em 2017, Duarte Leal da Costa investiu quase meio milhão de euros na reestruturação de vinhas e na duplicação da capacidade de receção de uvas, por via do aumento da área de fermentação e de armazenamento. Este ano, vão ser investidos mais 350 mil euros na reestruturação de mais 20 hectares de vinha e 200 mil euros na construção de um novo espaço para enoturismo. “Recebemos muitos turistas e precisamos de um espaço maior e mais nobre para os receber. E vamos servir também refeições para grupo, por marcação. Mas nunca seremos um restaurante, não queremos fazer concorrência aos nossos clientes”, sublinha este responsável.

Com uma faturação de dois milhões de euros em 2016, Duarte Leal da Costa estima que em 2017 possa ter chegado aos 2,2 milhões de euros. E garante que a Ervideira é das empresas financeiramente mais saudáveis no sector. “Temos tido resultados líquidos francamente positivos, nos últimos quatro anos, e queremos continuar a manter, pelo menos, uma margem de 10% ao ano em lucros”, diz.

O crescimento em 2017 aconteceu, mesmo com a perda da maior cadeia de supermercados na Bélgica. O que não preocupa este responsável. “Estamos a fugir da venda de vinhos com promoções. Queremos trabalho produtos com prestígio e em mercados em que estamos bem nas categorias premium. O produto tem que vender por si, tem que ser algo que o consumidor procura”, sublinha, garantindo que a Ervideira está a vender menos, mas a faturar mais.

Esta empresa alentejana exporta 50% da sua produção, sendo que, este ano, o seu principal mercado foi a China. O segundo foi a Bélgica, mesmo com a perda da dita cadeia de supermercados, e o terceiro o Brasil. E a empresa está a apostar, estrategicamente, em novos mercados, como o Canadá, os EUA, os países nórdicos, Moçambique ou Angola, tentando aqui recuperar algum do negócio perdido nos últimos anos pelas dificuldades do mercado angolano. Uma tarefa que ficará a cargo dos seus filhos, a quinta geração da família na empresa.