Eventos internacionais em São Paulo movimentam o mercado de bebidas alcoólicas e geram negócios no Brasil e exterior

Wine Trade Fair e Cachaça Trade Fair no Anhembi são voltadas exclusivamente para B2B e englobam Congresso com representantes de entidades de classe e do Itamaraty em prol do fomento dos setores

Wine Trade Fair
Foto: Divulgação

De 17 a 19 de setembro, a capital paulista sedia a terceira edição de duas importantes feiras internacionais para estimular os negócios no mercado de bebidas adultas: Wine Trade Fair e Cachaça Trade Fair. São realizadas exclusivamente para B2B, com expositores e visitantes que atuam diretamente em áreas ligadas à cadeia produtiva dos segmentos.

Um encontro focado no fomento dos negócios, para alavancar as vendas, gerar mais emprego e ampliar as possibilidades de negociações de ponta a ponta.

Wine Trade Fair em São Paulo
Foto: Divulgação

Zoraida Lobato, organizadora do evento ressalta que as expectativas do setor de vinhos para 2019 são de crescimento. “A alta estimada está entre 10% e 15%, comparando com igual período do ano anterior”, complementa. E no segmento de cachaça não é diferente, com tantas aberturas conquistadas recentemente para exportação e importação, os setor se mostra bastante aquecido e otimista.

Ainda sobre números dos segmentos, a organização da Wine Trade Fair e Cachaça Trade Fair estima que o mercado vitivinicultor no país empregue mais de 200 mil pessoas e movimente cerca de R$ 9 bilhões por ano. São mais de 1,1 mil vinícolas do Sul ao Nordeste do país, sendo 90% delas micro e pequenas.

Além do Rio Grande do Sul, que responde por cerca de 90% da produção de vinhos no Brasil, e de Santa Catarina, outros estados têm se destacado na elaboração de produtos vitivinícolas. Paraná, na região Sul; São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, na região Sudeste; Bahia e Pernambuco, no Nordeste, além de Goiás e Mato Grosso, no Centro-Oeste.

A cachaça tem, a cada ano, demonstrando sua importância no cenário econômico nacional e também vem ultrapassando fronteiras. “Temos grandes produtores nacionais conquistando medalhas de ouro em importantes concursos internacionais no país e no exterior, o que vem estimulando a exportação para China, Portugal e até Turquia”, conta Zoraida.

Além da oportunidade para network e negociações, a Wine Tradee Cachaça Trade Fair engloba um Congresso Internacional da Cachaça e do Vinho –Cicavi-, que tem como comitê científico doutores e pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Em palestras, abordam desde os aspectos técnicos até questões políticas e comerciais, a fim de contemplar da agricultura à comercialização da cachaça.

O que o visitante encontra na Wine Trade Fair?

Espanha:

O vinho Habla del Mar, trazido pela importadora Hispania, fica imerso no mar durante cinco meses em uma temperatura de 8ºC, em uma espécie de adega submarina, na Bahía de San Jean de Luz, na França. O vinho é submetido a uma segunda fermentação, o que rejuvenesce a bebida e oferece uma série de nuances salinas, de algas e acidez equilibrada. O trabalho é realizado por uma equipe de mergulhadores que controla todo o processo. Sua elaboração é feita a partir da mescla de uvas brancas de origem atlântica.

Alemanha:

Pela importadora Weinkeller, que é especializada em vinhos biodinâmicos, estão as vinícolas:

Schloss Wachenheim, que fica na região de Pfalz e é conhecida como o “palácio dos espumantes alemães”, onde seus enólogos cultivam há mais de 125 anos espumantes de alta qualidade.

Weingut Heinz Pfaffmann, que produz vinhos desde 1616 –atualmente estão na 17ª geração de vinicultores da mesma família, preservando a tradição e know-how de 400 anos de enologia-.

-Weingut Thomas Rüb, localizada na região de Rheinhessen, está na quinta geração da mesma família. O produtor é considerado uma raridade na Alemanha, por ter se especializado em uvas tintas, desde a tradicional Dornfelder até a famosa Merlot, impressionando com a qualidade.

Itália:

Cantine Di Tufo, produtora de vinhos da denominação Campânia DOCG.

Il Iv Miglio, fundada em 2004, referência por seus vinhedos históricos, conhecidos como Campi Flegrei, terras nas quais se cultiva vinhos há três mil anos.

Cantina Di Ortona, uma cooperativa de produtores vinícolas (Cantina Sociale) fundada em 1960 na região dos Abruzos (Abruzzi).

Cantine Europa, cooperativa de produtores vitivinícolas (Cantina Sociale), que foi fundada em 1962 em Petrosino. É a primeira produtora mundial da uva Grillo, branca de enorme potencial. Vinifica as brancas Grillo, Zibibbo e Catarrato Lucido, todas uvas de origem local. Entre as tintas, privilegia a Nero d’Avola, a principal uva rubra siciliana, Perricone e Syrah.

França:

País ícone no setor de vinhos também não poderia ficar de fora. Representando a tradição está a Ciclon com lançamento para o mercado nacional, como o Bleu de Mer, vinho Rosé que tem origem de um dos mais renomados produtores do mundo, Bernard Magrez.

Além dos países citados, o evento recebe expositores da Argentina e Chile.

Brasil:

Região de São Paulo:

Vinícola Góes, com vinhos finos elaborados em solo paulista. Alguns rótulos com premiação em importantes concursos nacionais e internacionais, outros que já ganharam o paladar não só dos paulistas, mas de todo o Brasil.

Vinícola Bella Aurora: fundada na década de 20 em São Roque, mantém sua tradição familiar na produção até hoje.

Além da Vinícola XI Novembro e Quinta de São Roque, que estarão na feira.

-Das regiões Sul do Brasil, reconhecidas no mercado nacional por grandes produções, estão vinhos da Lidio Carraro, Miolo, Gran Legado, Don Guerino, Buenos Wines, Ventura e Torcello trazidos pela importadora Alvino Expert. E a Vinícola Fin, que vem apoiada pelo Sebrae-RS.

-Região Nordeste, principais vinícolas como Rio Sol, pertencente ao grupo português  Global Wines, que administra várias vinícolas em Portugal.

Mais uma boa dose etílica na Cachaça Trade Fair

Já no segmento de cachaça, o visitante encontra destilarias de diversas regiões do País. Entre elas, estão produtores de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo, por exemplo.

Samanaú, cachaça produzida em Caicó, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, reconhecida mundialmente entre as melhores na categoria envelhecida. Atualmente, no Alambique Samanaú, a produção chega a cerca de 80 mil litros da bebida por ano.

Cachaça da Quinta, produzida no Município do Carmo, região serrana do estado do Rio de Janeiro, a Fazenda da Quinta surgiu em 1923 e em 2009 conquistou posição de destaque nas melhores lojas, restaurantes e bares e na preferência de clientes e especialistas, das capitais fluminense e paulista, e começou a exportar para mercados exigentes, como os Estados Unidos, Taiwan, Inglaterra e França.

Cachaça Margô, produzida na cidade de Sales de Oliveira, na região da Alta Mogiana no estado de São Paulo- conhecida pela elaboração de cachaças premiadas-, é feita no alambique Jatobá, sob os mais criteriosos padrões de qualidade. A bebida fica envelhecida em barris de carvalho americano por dois anos e vem conquistando premiações de respeito no País, com projeção internacional.

Cachaça do Coronel, de Minas Gerais, produzida em Taquaraçu de Minas, no Alambique do Coronel, onde produz a então cachaçaartesanal em escala comercial.

Cachaça Bento Albino, de Maquiné, e a Velho Alambique, de Santa Tereza estão no evento com o apoio do Sebrae-RS.

Cachaça Ouro 1, bebidas premiadas com medalha de ouro no exterior. Versões de cachaças envelhecidas em tonéis de carvalho por três anos –a Ouro 1 Velha; a Cachaça Ouro 1 Branca, descansada por meses em tonéis de aço inox. Cachaça Ouro 1 Vida, bebida mista cachaça, mel natural, e estratos limão. Cachaça Ouro Mineiro, envelhecida em tonéis de Umburana por dois anos e meio. Cachaça Ouro 1 Especial, envelhecida em tonéis de Carvalho Europeu e Americano por oito anos. 

CICAVI

O Cicavi -Congresso Internacional da Cachaça e do Vinho- tem entre suas premissas promover a competitividade dessas bebidas nos mercados interno e externo, bem como proporcionar maior sustentabilidade aos agentes envolvidos.

“Reunimos uma equipe formada por mestres, doutores, engenheiros, entre outros especialistas de todo o Brasil que tornam o evento uma oportunidade ímpar para aperfeiçoamento profissional e network”, complementa Zoraida Lobato.

São três dias de congresso, com abordagem de temas que vão desde a qualidade e a variedade da matéria-prima, até estratégias de desenvolvimento, comercialização e turismo.

Em 17 de setembro, das 18h às 20h, o Cicavi realiza uma “mesa redonda” com a participação de autoridades para debaterem as expectativas em relação à eliminação da tributação no segmento de vinhos e espumantes, além dos novos desafios para toda cadeia produtiva da cachaça.

Estão confirmados nomes como: pelo Itamaraty, Camila Silva Leão d’ Araújo Olsen, chefe da Divisão de Promoção do Agronegócio II – Ministério das Relações Exteriores; Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC -Instituto Brasileiro da Cachaça-; Carlos Paviani, diretor executivo do IBRAVIN -Instituto Brasileiro do Vinho-; o deputado italiano e presidente da SPVINHO, Fausto Longo; o presidente da Ravin Importadora, Rogério D’Ávila, e o presidente da Vinícola Góes e prefeito de São Roque, Claudio Góes. A mediação ficará a cargo do jornalista Eduardo Viotti, com outros grandes nomes que estarão ao seu lado no debate, como o jornalista Eduardo Russo. 

Depoimentos e expectativas de expositores

“Participar de um evento B2B é muito importante, pois frisamos nossa marca e fazemos negócios com novos estabelecimentos”, aposta Luciano Lopreto, diretor comercial da Vinícola Góes.

“Somos uma distribuidora de vinhos brasileiros e temos a missão nada óbvia de vender o vinho brasileiro para os brasileiros! Estamos na feira com vinhos da vinícola Lidio Carraro, da vinícola Boutique Torcello, entre outras. Trabalhamos com mais de 100 rótulos”. Sylvia Begliomini, diretora comercial da Alvino Expert Vinhos Brasileiros.  

“A feira tem extrema importância para o setor, para que o público se aproxime mais dos fornecedores e conheça novos. Em nosso estande o visitante encontrará uma nova linha de vinhos importados, com toda a elegância dos vinhos do Sul da França”. Eduardo Joe Kakiuchi, diretor da Ciclon Brasil.

“A Wine Trade Fair é uma excelente plataforma para exposição junto a possíveis clientes On Trade e oferece possibilidades para o mercado externo também, além de recebermos a visita de agentes de outros estados, sejam compradores ou distribuidores. Neste evento buscamos efetivar contatos para futuras transações”. Haroldo Narciso, CEO Mastar Blender da Famigerada Cachaça.

“Nossas expectativas com a feira são as melhores possíveis, tanto para novos negócios como para consolidação da nossa marca que vem acontecendo dia após dia. Apresentamos uma cachaça extra Premium premiada, com proposta de embalagem moderna para atender qualquer tipo de público”! Kátia Ribeiro, Supervisora Administrativa da Cachaça Dom Cabral.

“A feira é uma ferramenta de marketing importante por ser específica para o segmento de cachaça. No evento, o visitante pode conhecer e degustar a MusA Aguardente de Banana Ouro que ganhou medalha de ouro no 17° Concurso de Vinhos e Destilados do Brasil”. Antonio Carlos Ferreira, sócio-diretor da MusA Agroindustrial e Maykon Pereira, representante da MusA.

“A Feira vem para agregar valor ao setor de bebidas, em especial à cachaça, que era vista como bebida de baixa qualidade, mas hoje, com eventos desse porte, elevou-se o conceito para uma bebida cult, sem barreiras sociais e de muita qualidade. O visitante encontra qualidade, sabor e pluralidade gourmet de uso da cachaça”. Nery Cristofer Silva, Cachaça Engenho do Coronel.

“Normalmente estamos muito preocupados com a produção e com qualidade, e a venda é uma atividade difícil, muitas vezes desconhecida para os produtores. Por isso, a feira encurta este caminho e aproxima o produtor dos compradores. Nosso destaque é a Cachaça Margô Premium, ganhadora de uma medalha de Prata no concurso nacional de destilados do Brasil”. Aluizio B. Margarinho, sócio da Cachaça Margô

“Nossa expectativa é fazer bons negócios, expandir nossos negócios para essa região do país que ainda temos um discreto comércio, temos como novidade nossa nova apresentação de rótulos e embalagens, como também a nossa Carvalho premiada na Expominas 2019”. Adeylza Matos, Cachaça Paramirim.

Editora e jornalista