Francesa abre escola no Vale Sagrado, no Peru, para ajudar crianças carentes

Uma francesa praticante de paraglyder está melhorando a vida do povo de Urubamba. E a experiência dos viajantes.

Victor Affaro

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A francesa Marie-Hélène Miribel, que há 20 anos mora no Peru

Seu nome é Marie-Hélène Miribel, mas todo mundo em Urubamba, povoado que fica a 1 hora de Cusco, conhece essa inquieta loira de 48 anos como Petit. Desde que trocou a França pelo Peru, há 20 anos, deixando de lado a confortável rotina de economista do ramo da mineração pelo desafio de levar qualidade de vida à população carente de seu novo lar, Petit tem transformado realidades.

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Basta visitar o Sol y Luna Colégio Intercultural, que ela criou e capitaneia nesse distrito de 2.700 habitantes, para entender a dimensão da iniciativa e encher-se de inspiração.

Não é difícil chegar ali. Quem viaja para Cusco e Machu Picchu quase sempre passa por Urubamba ao explorar outras ruínas do Vale Sagrado dos Incas, como as de Moray –com suas fotogênicas linhas circulares.

Fotos Victor Affaro

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Cena típica do Vale Sagrado dos Incas: beleza e simplicidade

Na escola, 184 crianças filhas de camponeses locais estão matriculadas, sendo que cerca de 10 delas são portadoras de necessidades especiais. Graças à Fundação idealizada por Petit para angariar fundos, a escola Soy y Luna pratica um ensino de qualidade, com atividades paralelas como arte, circo e teatro, além de cursos de inglês e de quéchua, a ameaçada língua nativa dos incas.

“Nunca me conformei com as injustiças do mundo e resolvi fazer dessa a minha causa de vida”, contou Petit aos viajantes do Projeto Terramundi Creators durante a visita do grupo, que fez em Urubamba sua primeira parada no Vale Sagrado peruano depois das boas surpresas urbanas de Lima.

Victor Affaro

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Ruínas de Moray: uma das paradas de quem explora o Vale Sagrado dos Incas

“Há lugares que te chamam, e decidi me entregar ao chamado de Urubamba”. Petit foi ao Peru para voar sobre as montanhas andinas na companhia do marido, o arquiteto suíço Franz Schilter, responsável pela introdução do paraglyder no país. A dupla nunca mais saiu dali.

Para que sua escola não dependesse só de doações, Petit e Franz decidiram criar, há 16 anos, uma hospedaria rústica para viajantes que quisessem uma opção menos turística que a maioria dos hotéis próximos a Machu Picchu. Deu certo. O Sol y Luna Lodge Spa caiu no gosto dos estrangeiros dispostos a contribuir socialmente com o Peru, ganhou um conforto ímpar nas 43 “casitas” para hóspedes e acabou se tornando integrante da seleta rede RelaisChâteaux.

Victor Affaro

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Banheiro da suíte com detalhes dos bancos de Ayacucho e flores de papel ao estilo colonial espanhol: padrão RelaisChâteaux

Bono, líder da banda irlandesa U2, é um dos que se engajou na causa de Petit, se hospedando ali com a família mais de uma vez. Os hóspedes costumam se surpreender com o imenso jardim, habitado por no mínimo 45 espécies de aves, e com a delicada curadoria das obras de arte popular peruana expostas nas suítes –que incluem desde os murais coloridos de Federico Bauer até los toritos de Pucara, assim como os bonecos gordinhos e bancos artesanais de Ayacucho.

Victor Affaro

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Interior de uma das 43 “casitas” do Sol y Luna: painel do artista peruano Federico Bauer

Para terem uma imersão cultural ainda maior, os hóspedes do Sol y Luna podem ir ao mercado com o chef Nacho Selis para comprar os ingredientes do jantar, como fez a chef Bel Coelho. Ou se voluntariar para praticar inglês com a criançada. Visitar a escola, que fica bem em frente ao hotel, é um programa que vale bem a pena. Pode-se ajudar também comprando o belo artesanato do hotel. Dessa forma, todos que têm a chance de conhecer o trabalho de Petit também colaboram para a melhoria das condições de vida das crianças do Vale Sagrado.

Por Daniel Nunes, do Projeto Terramundi Creators