Jovem catarinense ‘larga’ faculdade para ser babá nos EUA
Você já pensou em se aventurar morando em outro país? Se essa vontade tem aumentado com o passar dos dias, não se preocupe, você não está sozinho. E se o seu receio é deixar o trabalho ou até faculdade que não ainda não concluiu, a catarinense Viviane Domaradzki, de Jaraguá do Sul, com certeza te diria: “Se joga!”
Viviane embarcou para os Estados Unidos em junho de 2015 como intercambista no programa de au pair. Ela foi para uma cidadezinha histórica a 40 minutos de Boston, chamada Concord, em Massachusetts. Pelo programa, ela não escolheu onde iria viver.
Créditos: Arquivo pessoal
Ela morou com uma host family e trabalhou tomando conta de gêmeos, e como qualquer trabalho, também tinha obrigações. Quando chegou, as crianças eram recém-nascidas, então seus horários e rotina eram bem doidos.
“Depois de alguns meses comecei a ter horários fixos, antes trabalhava de acordo com a necessidade deles. Quando minha ex-host voltou ao trabalho eu trabalhava das 6h30 às 15h15. As crianças tinham horário pra tudo, comer e dormir”, explica.
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Depois do trabalho Viviane ia pra academia, parques ou shopping. No inverno ficava mais em casa, já que a diferença de temperatura era gritante com a que estava acostumada no Brasil. “Teve dias que saia na rua e não conseguia deixar os olhos aberto sem lacrimejar de tanto frio”, conta.
Surpresas durante o intercâmbio
Quando terminou seu primeiro ano com a família, resolveu estender por mais um – o programa permite o máximo de dois anos. Porém, como a vida é cheia de surpresas, logo depois de estender o programa, oportunidades melhores surgiram e em janeiro de 2017 ela entrará para uma faculdade americana. Mas como ela conseguiu? Simples: arriscando!
Quando decidiu apostar no intercâmbio, ela fazia faculdade de Direito na sua cidade e estava na 9ª fase do curso. Ela saiu do programa e resolveu fazer o mesmo tipo de trabalho que fazia: cuidar de crianças. “Descobri que financeiramente conseguiria cobrir meus gastos com um college aqui e resolvi arriscar”, explica.
Créditos: Arquivo pessoal
Viviane aproveitou os créditos que já tinha feito para continuar na área e estudar criminal justice. Porém, a intenção é de futuramente estudar investigação de cenas de crime. O college que ela aplicou fica na cidade em que vive atualmente, que se chama Newton. “Estou tendo essa chance, mas isso é uma coisa que nunca esteve nos meus planos, já que sempre tive a ideia de voltar para o Brasil depois do intercâmbio”, revela.
Durante esse período, ela teve oportunidade de conhecer vários lugares dentro do Estados Unidos e conhecer pessoas incríveis de vários países. Los Angeles, Santa Barbara, Orlando (Disney, Universal Studios, Warner Bros ), Las Vegas, Arizona (Grand Canyon), New York, New Hampshire, Connecticut, New Jersey e Rhode Island foram alguns dos lugares que ela conheceu.
Créditos: Arquivo pessoal
E, além disso, sabe o desejo de ter um cantinho pra chamar de seu? Ela também conseguiu realizar, e lá fora!
“Larguei a faculdade no último ano para viver esse sonho, fiz a louca e hoje estou aqui, completando 15 meses de USA. Estou morando no meu próprio apartamento, alugado, mas é o meu primeiro, e quem diria, fora do Brasil”, comemora.
Créditos: Arquivo pessoal
E se você pensa que o remorso bateu em algum momento, está enganado. “Me orgulho de ter feito o que fiz, não me arrependo de nenhum passo que dei desde que cheguei aqui e agradeço todos os dias às oportunidades que surgiram”, finaliza.
Perguntas que todo mundo gostaria de fazer:
Como foi a experiência como au pair? Foi difícil entender os costumes e morar numa casa diferente da sua?
Meu host father era italiano legítimo, e a host mom americana. Eles eram pessoas que já tinham viajado muito, então não era uma cultura estritamente americana.
Créditos: Arquivo pessoal
Encontrei poucos costumes estranhos ou diferentes no dia a dia com eles, mas claro, tem sempre algo que te deixa surpresa, como, por exemplo, o fato de muitas pessoas lavarem o tênis na pia da cozinha, ou mesmo o bumbum dos bebês, coisa que na nossa cultura não é comum.
Morar na casa de outra pessoa, especialmente em outro país, é um desafio e tanto. Confesso que no início tinha vergonha de ir a cozinha pegar um copo de água, mas com o tempo me senti em casa e foi ótimo. Meus hosts sempre me deixaram a vontade e tentavam fazer-me sentir em casa, então não tive grandes problemas.
O que você mais gosta daí?
Eu amo a diversidade cultural, ir ao café da esquina de casa e ouvir diversos idiomas em um só lugar. Amo os preços justos e a qualidade de vida. Poder sair de casa à noite, andar na rua sozinha e me sentir segura. Gosto muito da educação das pessoas, o hábito de dizer “obrigada” e “por favor” para quase tudo.
Créditos: Arquivo pessoal
Amo também os esportes de inverno e ver as mudanças de estação, o outono aqui é maravilhoso, todo colorido, abóboras por todo lado. Alguns feriados também nos proporcionam momentos legais… Feriados como independência, halloween, sempre são eventos grandes, então independente de onde você morar, sempre vai ter uma comemoração bacana. Este ano, por exemplo, vi Demi Lovato bem de perto e de graça por que era comemoração do 4 de julho, independência americana. Em outubro temos o Halloween em Salem, que fica muito perto de onde moro, e é a cidade conhecida como cidade das bruxas, que tem o evento mais famoso dos Estados Unidos.
Do que você sente mais falta do Brasil?
Créditos: Arquivo pessoal
Eu sinto falta dos brasileiros, as pessoas aqui não são tão abertas a amizades. Quando você é intercambista conhece pessoas do mundo todo e faz muitos amigos, mas morar aqui, como uma “pessoa normal” fora de um programa de intercâmbio pode ser um desafio e tanto quando se fala em relacionamento. Americano não dá tanta abertura quanto os brasileiros, são bem mais na deles
O que diria pras pessoas que estão pensando em se jogar para uma vida no exterior?
Créditos: Arquivo pessoal
Eu diria que intercâmbio, sair do Brasil, sempre vai ser um dinheiro bem gasto. Eu pensei muito antes de sair do Brasil e só me arrependo de não ter feito isso antes. Eu adquiri uma bagagem de vida, cultural, que não tenho nem como descrever. Se jogar no mundo e uma sensação única, e vale a pena cada centavo gasto.
Quem quiser acompanhar mais da viagem, Viviane também tem um canal no YouTube, onde fala de algumas curiosidades sobre os Estados Unidos, e além disso, também posta fotos em sua conta no Instagram.
Por Gabrielle Figueiredo, do blog Por Acaso