Open Skies é bom para o Brasil? M&E entrevista Movimento Céus Abertos

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O acordo de Céus Abertos vai remover barreiras, permitindo que as companhias aéreas ofereçam mais rotas e mais voos entre o Brasil e EUA

Embora antigo no cenário mundial, o acordo de Open Skies ganhou grande destaque no Brasil logo após ser aprovado pela Câmara dos Deputados. Agora está nas mãos do Senado Federal, que decidirá se o Acordo de Céus Abertos entre Brasil e EUA de fato entrará em vigor. Embora já devidamente divulgado, o assunto “Open Skies” ainda é alvo de muitos questionamentos por parte daqueles que trabalham com o turismo.

O ME resolveu esclarecer tudo ao realizar uma entrevista com representantes do Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos, que detalhou possíveis mudanças e vantagens que teremos se o acordo for aprovado pelo Senado Federal. O Movimento Brasileiro pelos Céus Abertos é formado por um grupo de companhias e associações da indústria do turismo e da aviação, a maioria presente no Brasil.

MERCADO EVENTOS – Quais são os reais ganhos e revezes deste acordo?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – O Acordo de Céus Abertos é pró-consumidor, pró-competição e pró-crescimento. O Acordo promove um aumento do número de viagens, o crescimento do comércio internacional, facilita um maior crescimento econômico e permite que as companhias aéreas ofereçam aos consumidores um serviço mais em conta, conveniente e eficiente. Quando for aprovado, as aéreas terão mais flexibilidade. De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), o número total de passageiros em rotas internacionais com origem ou destino no Brasil pode aumentar em até 47% quando o acordo for ratificado. A associação também espera que o acordo gere cerca de 6 milhões de passageiros internacionais a mais para o Brasil.

ME – Haverá de fato um aumento de oferta e, consequentemente, preços menores?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – O acordo de Céus Abertos vai remover barreiras, permitindo que as companhias aéreas ofereçam mais rotas e mais voos entre o Brasil e EUA. Após a implementação do Céus Abertos na Colômbia, em 2010, seis novas rotas para os Estados Unidos foram criadas e a capacidade cresceu em 15 das 16 rotas entre os dois países. O acordo também aumentam conexões dentro do país. De acordo com um estudo realizado pela empresa de consultoria InterVistas, depois da implementação do Céus Abertos no Chile o tráfego doméstico cresceu cerca de 3,4% e o tráfego internacional cresceu 5,5% ao ano.

Como o Céus Abertos promove uma maior competição no setor, a tendência é de redução das tarifas aéreas, mas é importante ressaltar que existem outros componentes que determinam os preços, como impostos locais e inflação. De acordo com uma pesquisa publicada pelo American Economic Journal em 2015, em vários mercados que implementaram o Céus Abertos as tarifas aéreas tiveram uma redução de preço de cerca de 30%.

ME – Qual é o real impacto que este acordo poderá ter no mercado?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – De acordo com pesquisas, os países que assinam um acordo de Céus Abertos observam um crescimento do tráfego aéreo de cerca de 15,5% e um aumento de 75% na oferta de voos entre os dois países. Também ocorre um aumento no número de passageiros e no fluxo de carga. Em razão da maior competição e maior investimento no mercado, acordos de Céus Abertos também impactaram de maneira positiva o número de postos de trabalho disponíveis nas indústrias de aviação e turismo.

ME – O mercado brasileiro tem algo a perder ou a ganhar com isto?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – Ao promover um aumento no número de voos, o Acordo de Céus Abertos contribui para o fortalecimento da competição entre as companhias, que podem abrir voos para cidades ainda não atendidas pelo serviço aéreo, oferecer melhores horários e conexões, expandir e fortalecer o transporte de carga e aumentar a oferta de empregos – tudo o que contribui para o crescimento econômico do país. O Céus Abertos ainda facilita o comércio e atrai novos negócios e investimentos, encorajando o aumento da produtividade.

ME – Dá para concorrer de igual para igual com as companhias internacionais?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – É importante ressaltar que o acordo de Céus Abertos afeta somente os voos entre o Brasil e os Estados Unidos. Ele não envolve voos domésticos. Os voos domésticos no Brasil continuarão a ser operados apenas por companhias aéreas brasileiras, com equipes que são certificadas pelo governo brasileiro e seguindo as regras do país. O acordo beneficia as empresas brasileiras em razão do aumento do número de passageiros em voos entre os dois países o que, por sua vez, alimentará o mercado doméstico.

O acordo também inclui obrigações recíprocas para eliminar a interferência do governo nas decisões de aviação comercial, de modo que as companhias aéreas possam oferecer um serviço mais em conta, conveniente e eficiente. Também vale ressaltar que algumas companhias aéreas brasileiras já têm modelos de negócios alinhados com companhias americanas. É o caso, por exemplo, da Latam e da American Airlines, que têm um Joint Business Agreement (JBA) que passará a funcionar com a aprovação do Céus Abertos.

ME – O acordo pode dificultar a vida de nossas companhias aqui do Brasil?

Movimento Brasileiro Pelos Céus Abertos – Será uma oportunidade. Atualmente os brasileiros têm cerca de 1,8% de viagens de avião por pessoa, menos da metade da porcentagem de outros países que já assinaram o acordo, como o Chile (3,5%), Peru (3,1%) e Colômbia (4,3%). No Brasil a média de viagens feitas aos Estados Unidos anualmente é de 26 a cada mil habitantes. Em outros países onde o acordo já foi implementado esse número é de cerca de 53 viagens.

O acordo irá aumentar o tráfego aéreo entre o Brasil e EUA, o que também alimenta o mercado doméstico e promove um crescimento econômico. Como resultado da aprovação do acordo, haverá mais voos entre o Brasil e os Estados Unidos e os brasileiros poderão acessar os Estados Unidos mais facilmente. O acordo também resultará em um aumento do turismo e do comércio no Brasil, resultando em mais oportunidades de emprego e impactando positivamente a economia brasileira como um todo.