Quartos de hotel na Serra Gaúcha ficam em antigas barricas de vinho

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Vale tudo na hora de hospedar amigos em casa. Espalhar colchões pela sala, ceder a própria cama e até pedir a casa do vizinho emprestada.

Mas em Canela, no Rio Grande do Sul, um hotel vai além de hospitaleiras gentilezas e recebe seus hóspedes em quartos localizados no interior de antigas barricas de vinhos usadas em vinícolas da Serra Gaúcha.

Divulgação/Hotel Pampas

Divulgao/Hotel PampasDivulgao/Hotel Pampas

Quartos do Hotel Pampas, em Canela, na Serra Gaúcha

 

Com capacidade de até 110 mil litros, cada pipa foi transformada em quartos com três andares, onde móveis, pisos e paredes foram feitos com madeiras retiradas de barricas de araucária, grápia e carvalho.

“A ideia começou, há 17 anos, em um hotel que também administramos em Santo Cristo, onde uma pipa era usada como loja de artesanato. Com lotação esgotada no hotel, um dia coloquei uns colchões no segundo piso para hospedar os amigos”, relembra Gabriel Werner, diretor do Hotel Fazenda Pampas, cujas pipa hospedagem inusitada foi inaugurada, em 2014.

Fotos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta

Fotos: Eduardo Vessoni/Viagem em PautaFotos: Eduardo Vessoni/Viagem em Pauta

Interior de um dos quartos que funcionam no interior de barricas de vinho, em Canela, no Rio Grande do Sul

Considerado único no mundo, o hotel abriga 14 antigas pipas de vinho usadas em vinícolas da região de Bento Gonçalves como a Aurora e Garibaldi. E para a experiência vínica ficar completa, a madeira ainda guarda nas paredes cristais de tártaro, como é conhecida a cristalização em barris de vinho durante a fermentação dos produtos armazenados, e um leve aroma da bebida que não chega a alterar o ambiente.

O primeiro andar da barrica conta com sala de estar, cozinha com fogão e banheiro, construído em anexo com tijolos aparentes. No piso seguinte se localiza o quarto com cama de casal e, no último andar, um mirante com vista para a região de Gramado e Canela.

A montagem dos quartos também exigiu paciência dos empreendedores.

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Para o transporte, cada uma das pipas foi desmontada em seu local de origem, as 150 peças foram enumeradas, todos os aros que unem as madeiras foram cortados e varas foram incluídas para tapar as novas frestas que surgiram após a desmontagem. Para se ter uma ideia do processo cirúrgico, tão lento e complexo quanto à maturação de um bom vinho, foram necessárias cinco tentativas para encontrar o formato exato de uma escada que coubesse naquele ambiente cilíndrico.

E quando os efeitos da embriaguez hoteleira começam a passar, o hóspede é surpreendido também com uma fauna local, que fica bem ali na porta de casa, como lhamas do Peru (sim, aqueles ruminantes típicos dos Andes), galinhas d’angola e avestruzes.

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Esse hotel fazenda também é conhecido pelas trilhas a cavalo pelo Vale do Quilombo e florestas de xaxins gigantes.

Tudo isso junto até parece efeito do teor alcoólico dos vinhos da região, mas é um hotel mesmo.