Quinta em Monção com vinho, chocolate e chá – Evasões
Na Quinta de Santiago, em Cortes, Monção, deparamo-nos com alguns contrastes. A casa antiga em pedra e, ao seu lado, a adega moderna equipada com tecnologia de ponta. Comandam os destinos desta propriedade de família a vontade de duas mulheres, uma jovem e outra idosa (e recentemente falecida), separadas por duas gerações. Falamos de Joana Santiago, a jovem advogada que trocou esta carreira pela vitivinicultura, e a sua avó, Mariazinha, que desafiou a neta e o pai desta, o seu filho José, a voltar a produzir vinho, tal como ali se fazia antigamente.
Foi assim que estes contrastes geraram uma síntese, naqueles nove hectares de vinhas Alvarinho, com a produção a reiniciar-se em 2014, desta vez não apenas para consumo da família Santiago, mas direcionada para o mercado português e internacional, como uma marca assente na paixão das gerações mais novas pela terra dos avós. Joana, então advogada, mudou de vida e o pai concretizou um sonho de juventude. A eles juntou-se José Domingues, enólogo, e também as pessoas que já trabalhavam na quinta, aliciadas a acompanhar esta (r)evolução.
Joana dedicou-se a criar «um Alvarinho natural, tradicional», baseado «numa viticultura sustentável, onde é usado o mínimo possível de químicos». Acompanhando uma tendência de boas práticas vitícolas, foi recentemente plantado tapete verde sobre os solos franco argilosos da propriedade. Além disso, há passos no processo de fazer o vinho que foram mantidos do tempo da avó Mariazinha. «São os nossos segredos», assinala Joana.
Apesar de os vinhos serem a pedra basilar da Quinta de Santiago, novos produtos foram incorporados na marca, como chocolates, um chá e uma tisana.
O resultado são três referências de vinho: o Quinta de Santiago Alvarinho, o Quinta de Santiago Reserva e Quinta de Santiago Rosé, feito das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alvarinho, e que é lançado normalmente no primeiro dia de primavera. Tanto o Quinta de Santiago Alvarinho, como o Reserva, são vinhos secos e minerais, «com um perfil gastronómico grande, e que seduzem na boca pela complexidade e elegância que têm», explica a neta da matriarca. Joana considera também que ambos têm «um grande potencial de guarda, durante 6 a 7 anos».
Em 2015, algumas consagrações animaram os Santiago. Robert Parker, autor do Wine Advocate, e provavelmente o crítico de vinhos mais influente do mundo, atribuiu 91 ao vinho da colheita de 2015. E a crítica nacional também se rendeu aos vinhos Santiago, tendo sido nomeados como Produtores Revelação pela revista Wine, nesse mesmo ano de 2015.
Apesar de os vinhos serem a pedra basilar da Quinta de Santiago, novos produtos foram incorporados na marca, como chocolates, um chá e uma tisana. As trufas de chocolate foram resultado de uma parecia com a Cacao di Vine, que as criou usando chocolate negro e o vinho Quinta de Santiago Reserva. «Foi um desafio criar um chocolate de vinho verde que harmonizasse com o mesmo vinho», salienta Joana, satisfeita com o desenlace.
O chá e a tisana foram também criados em parceria com a vietnamita Thuy Thien, proprietária da loja de chás Mùi Concept, no Porto, que se inspirou no aroma e no sabor do vinho. Na base do chá e da tisana, há jasmim, calêndula, líchia e cítricos. À tisana Thuy adicionou rooibos, e ao chá verde folhas de sencha. Em breve, a Quinta de Santiago pretende iniciar nova experiência, desta vez com vinhos: fazer um Alvarinho não filtrado e com leveduras indígenas. O número de garrafas não vai chegar aos quatro dígitos e será direcionado para «os verdadeiros enófilos que gostam de desafios», sublinha Joana.
Visitas, piqueniques e provas
A quinta está aberta a enoturismo, com entrada gratuita, e quem a visitar pode também fazer as provas em adega, havendo quatro diferentes por onde escolher, com preços entre 5 e 15 euros. Também se pode ter uma experiência gastronómica minhota, que consiste num almoço de pratos regionais servido na antiga adega, acompanhados, claro, por vinho Quinta de Santiago (25 a 35 euros por pessoa). Quando o tempo permite também se fazem piqueniques nas vinhas (15 euros), e em época de vindimas, quem quiser pode participar na atividade durante meio-dia ou um dia completo (45 euros).
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