Regulação das teles na América Latina marca primeiro dia de …
26/10/2015 – 21h09
Presidente da Anatel diz que “Brasil deve liderar uma política mais integrada” sobre o tema na região
SÃO PAULO – “O Brasil deve liderar uma política mais integrada de regulação na América Latina”, afirmou o presidente da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel), João Rezende, durante a abertura dos debates da Futurecom – considerada o maior evento de telecomunicações e tecnologia da informação da América Latina.
Iniciada oficialmente hoje (26), há poucas horas, a feira contou com uma série de debates sobre a situação regulatória das redes no continente durante sua pré-programação.
Antes do pontapé inicial dado pelo Ministro das Comunicações, André Figueiredo, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) reuniu técnicos brasileiros e estrangeiros, além de representantes da iniciativa privada, que discorreram sobre temas como interoperabilidade, inclusão digital e, sobretudo, regulação.
Já a 4G Américas – organização que reúne parte dos players envolvidos com a tecnologia no continente – colocou em debate os pontos em aberto para o desenvolvimento pleno das redes de quarta e quinta geração na América Latina. Entre os principais temas discutidos figurou a necessidade de uma padronização de tecnologias em todos os países latino-americanos.
“Existem muitos aspectos regulatórios e impositivos que tornam o tema complexo de país para país e até de município para município”, declarou o diretor da 4G Américas para a América Latina e Caribe, José Otero.
A expansão do 4G – já em curso por parte das operadoras de telefonia brasileiras – e do 5G, que deve se tornar uma realidade a partir de 2020, é preponderante para o sucesso da Internet das Coisas, que deve conectar um grande número de dispositivos na internet durante sua evolução, aumentando consideravelmente o tráfego.
“O avanço da 4G vai ajudar muito em termos de machine-to-machine (M2M)”, afirmou a consultora do Couterpoint Research Tina Lu. A especialista também ressaltou a importância da limpeza das frequências ideias para o sinal, como a de 700 MHz. Tal processo já está em curso no Brasil, ainda que o desligamento da TV analógica, que hoje ocupa o espectro, esteja atrasado.
Segundo o diretor de regulação da Telefônica na América Latina, Alexander Riobo, tal problema não é exclusividade do País. “É preciso de uma transição: enquanto isso não acontecer no Brasil, o avanço será complexo.”
Riobo também comentou sobre a expansão do 5G durante o painel da 4G Américas, mas rechaçou momentaneamente o debate sobre normas para a tecnologia. “Não é hora de pensar em regulamentação para o 5G, mas em modelos de negócios, porque é algo que não existe.”
A Associação Brasileira da Internet (Abranet) também organizou uma série de eventos, que discorreram sobre temas como proteção de dados e governança na internet.
Durante a solenidade oficial de abertura, João Rezende, da Anatel, voltou a defender a revisão das concessões de telefonia fixa em detrimento de serviços mais modernos.
Já o ministro André Figueiredo destacou a necessidade de um novo marco regulatório para as telecomunicações, reafirmou o compromisso da presidente Dilma Rousseff com a causa das telecomunicações e falou sobre a ampliação do diálogo com as provedoras de conteúdo para a internet (OTTs). “Tem que haver simetria entre quem muito investe e quem muito inova”, declarou Figueiredo, indicando que a possível taxação de empresas como Youtube e Netflix deve seguir em discussão.
Esperado, o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, não compareceu.
Henrique Julião