Roteiro passa por rota dedicada a Dom Quixote, na Espanha
Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta
“Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não há muito, um fidalgo…”
Com essa introdução, a Espanha ganhou o mundo da literatura com sua primeira novela da Idade Moderna e viu o clássico ‘Don Quijote de la Mancha’ se transformar em um dos livros mais famosos da história das letras, considerada uma das obras mais traduzidas depois da Bíblia.
Hugo Díaz Regañón/Wikimedia Commons
Mais de 400 anos depois de seu lançamento, essa obra de aventuras (e desventuras) do cavaleiro andante pelas terras de La Mancha que confundiu a realidade com a ficção, escrita por Miguel de Cervantes no século 17, é tema de um roteiro de carro que passa por 13 cidades e povoados relacionados com Cervantes.
Eduardo Vessoni
Conhecida também como Cidade do Saber, Alcalá abriga atrações como o Corral de Comedias, termo usado para se referir a um tipo de teatro público que funcionava ao ar livre no interior de pátios de edifícios residenciais, e a Plaza de Cervantes, que abriga um monumento a Cervantes, obra erguida em 1879.
Destaque: Em funcionamento no mesmo imóvel onde o escritor nasceu, o Museo Casa Natal de Cervantes, se localiza em um solar, onde são recriados ambientes residenciais espanhóis dos séculos 16 e 17, em dois andares. O acervo abriga uma coleção bibliográfica com as edições mais importantes de Cervantes, como uma publicação lisboeta de 1605 e a primeira edição espanhola ilustrada de 1674.
2 – Madri
Wikimedia Commons
A capital da Espanha é endereço de alguns locais relacionados a Cervantes como a Casa Alberto, taberna de 1827 onde o escritor teria criado obras como “Os trabalhos de Persiles e Sigismunda” e a segunda parte de Dom Quixote; e a Biblioteca Nacional, que conserva um exemplar da primeira edição de sua obra mais famosa.
Destaque: Acredita-se que a igreja e convento das Trinitarias Descalzas (Calle Lope de Vega, 18) abrigue os restos mortais de Cervantes e de sua esposa Catalina de Salazar y Palacios, onde se localiza o monumento funerário criado em homenagem ao casal.
Sociedad Cervantina/Divulgação
Essa cidade da província de Toledo, a pouco mais de 40 km de Madri, é a cidade natal da esposa do escritor, onde o casal se casou, em 1584.
Destaque: Preservada com as características dos casarões do século 16, a Casa de Cervantesfunciona, atualmente, como museu e desde 1971 é declarada Monumento Histórico-Artístico. Seu acervo abriga edições em diferentes idiomas da obra ‘El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha’, cuja mais antiga é um livro inglês do século 17; e documentos do século 16 como os livros paroquiais que comprovam a existência de alguns personagens de Dom Quixote que, de fato, viveram em Esquivias.
Hugo Díaz Regañón/Wikimedia Commons
Os famosos gigantes que Dom Quixote insistia em querer lutar contra são a imagem mais famosa dessa cidade a 60 quilômetros de Toledo.
Destaque: Do alto do cerro Calderico é possível ver os 12 moinhos de vento que inspiraram Miguel de Cervantes a criar a clássica luta contra aqueles imaginários gigantes do livro ‘Don Quijote de la Mancha’.
M.Peinado/Flickr-Creative Commons
Essa cidade da comunidade autônoma de Castilla-La Mancha, a 49 km do destino anterior, também abriga os famosos moinhos de viento das aventuras de Dom Quijote, onde é possível fazer visitas guiadas.
Destaque: A vizinha Tolboso, a menos de 20 km dali, abriga a Casa Museo de Dulcinea, cuja moradora Ana Martínez Zarco de Morales teria inspirado a criação da imaginária “donzela mais formosa, a sem par Dulcinéia del Toboso”. A atração, localizada em uma típica casa de um fidalgo de La Mancha do século 16, ainda guarda ambientes como moinho, adega e pátios interiores.
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Cinquenta quilômetros mais adiante, o viajante literário encontra a Casa de Medrano, onde está a Cueva de Medrano, local em que Cervantes esteve detido e que, segundo a lenda, teria servido de cenário para as primeiras linhas das histórias de Dom Quixote.
Destaque: A região conta também com atrativos como a ‘Cueva de Montesinos’ e as ruínas dol Castillo de Rochafrida, na cidade de Ossa de Montiel; e Villanueva de los Infantes, endereço de atrações como a casa de Diego de Miranda, que teria inspirado Cervantes a criar o Caballero del Verde Gabán, e o Parque Natural de las Lagunas de Ruidera.
7 – Ciudad Real
Rodeada por morros, essa cidade histórica, a menos de uma hora de trem de Madri, é a última parada da viagem dedicada a Miguel de Cervantes.Destaque: O Museo del Quijote conta com exposição multimídia como quadros pintados pelo ilustrador José Jiménez Aranda, projeções sobre a obra de Cervantes, reconstruções de ambientes da época e uma biblioteca com 3.500 livros, relacionados ao muno cervantino.
Curiosidades
– Filho do cirurgião Rodrigo de Cervantes, Miguel de Cervantes teria se inspirado em um recipiente, usado para encaixar o pescoço dos homens que faziam a barba, para criar o famoso chapéu cortado do cavaleiro andante, um de seus adereços mais característicos;
– Antes de ser o escritor espanhol mais traduzido do mundo, Cervantes atuou como soldado contra os turcos na batalha de Lepanto, em 1571, que teria tirado os movimentos da mão esquerda de Cervantes;
– Ao regressar da Itália com seu irmão Rodrigo, Cervantes foi detido por piratas turcos, em 1575, e levado para a Argélia, onde ficou preso por cinco anos até ser resgatado por padres da Ordem dos Trinitários, em 1580;
– Aos 58 anos, Cervantes foi, por fim, reconhecido como escritor, quando foi publicada a primeira parte da história de Dom Quixote e seu escudeiro Sancho Pança;
– É tanta devoção à imagem do escritor que a Espanha conta até com uma passeio ferroviário, entre Madri e Alcalá de Henares, em que atores dramatizam cenas da obra mais famosa de Cervantes, no Trem de Cervantes.