Setor de Eventos deve registrar retração entre 30 e 40% neste ano, aponta Abeoc
A crise econômica não tem dado folga para o segmento turismo de eventos, o que gera retração e mudanças estruturais no mercado. É o que indica dados da Abeoc Brasil ES (Associação Brasileira de Empresas de Eventos), que apontam o corte de 60% na verba investida por empresas em eventos técnicos e de negócios. Como consequência, estima-se que a atividade retraia entre 30 e 40% neste ano.
Ainda segundo as previsões da associação, é esperado que o mercado, responsável atualmente por 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, diminua entre 10 e 15% na contribuição estadual. Assim, toda a cadeia turística de eventos é afetada, gerando uma insegurança generalizada entre os membros do setor.
Diante deste cenário, o setor de turismo de eventos aposta na otimização de verbas e reajustes dos formatos como reação de resistência à crise. Segundo o presidente da Abeoc Brasil ES, Cláudio Cardoso, na prática, essas transformações resultam na diminuição do porte e redução na duração de eventos.
“É projetado um aumento no número de eventos técnicos e científicos de porte menor, focando em especialidades, visando ao maior resultado científico, diminuindo as atividades sociais e resultando em menor número de dias reservados para os eventos. Ainda em relação aos eventos técnicos e científicos, a estimativa é de aumento do número de eventos híbridos, com a ampliação da participação remota e acesso virtual aos eventos, causando redução da participação presencial”, explica.
Impacto – Os profissionais da área de eventos também têm sentido o impacto trazido pela atual situação econômica. Prova disso é a taxa de desemprego, que variou entre 40 a 50% no último ano, segundo dados da Abeoc Brasil ES.
É importante ressaltar que o mercado possui mil empresas atuantes com o CNAES (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) de atividades diretas e indiretas relacionadas à realização de eventos. Além disso, o setor é atualmente responsável pela geração de 5 mil empregos diretos e 15 mil indiretos.
Já em relação à quantidade de pessoas que comparecem as cerimônias realizadas também é possível apontar um decréscimo, estima-se que o número de participantes tenha diminuído em 25%.
O valor é mais uma consequência da contribuição mais enxuta de empresas e investidores na área. De acordo com Cláudio Cardoso, a situação é responsável pela estagnação no setor. “O mercado de eventos tem sido muito afetado com o momento econômico atual. Os eventos corporativos praticamente pararam tendo em vista que as empresas suspenderam suas ações de relacionamento com o mercado”, comenta.
Novos formatos – O momento do cenário do setor de eventos tem exigido uma postura inovadora por parte dos gestores de entidades responsáveis pela agenda local que se reverte em ações que reduzem gastos na realização de eventos. Segundo o presidente da Abeoc Brasil ES, Cláudio Cardoso, o posicionamento criativo foi a solução encontrada para manter a estabilidade do mercado no estado. “Isso (retração do mercado) tem levado a utilizar ainda mais a criatividade e nos mais variados tipos de eventos, focarmos durante o planejamento, naquilo que é fundamental para que o evento aconteça. Simplificar o que for possível sem perda da qualidade”, comenta.
As medidas adotadas afetaram diretamente o formato das cerimônias. A diminuição do porte dos eventos, direcionando a realização essencialmente ao público alvo, é um exemplo da nova orientação. Além disso, as contratações passaram a ser pulverizadas, o que demonstra uma tentativa de movimentação da cadeia de produção de eventos.