Tantas “Comportas” para descobrir no Alentejo – Renascença
Há cada vez mais espanhóis a procurar o Alentejo para férias ou fins-de-semana. Cerca de 120 mil terão chegado o ano passado, o que representa um aumento de 20% em relação a 2015. Espanha ainda é o principal mercado do Alentejo.
A zona da Comporta ganhou destaque quando perceberam que vários elementos da realeza espanhola, personalidades públicas e actores têm ali casa ou lá passam férias, diz Vítor Silva, presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo. A região assume-se como destino exclusivo, ligado ao “lifestyle” e ao jet-set. “Toda a gente me pergunta pela Comporta e eu digo que há muitas outras Comportas no interior do Alentejo para descobrir. Espanha esteve sempre de costas voltadas para Portugal e não se apercebeu da riqueza que estava mesmo ao lado”.
À conquista de Espanha e do mundo
Dar a conhecer o Alentejo no seu todo e com grande diversidade de oferta turística foi o objetivo da missão empresarial organizada pela Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (entidade privada) para estar em Madrid, na FITUR-Feira Internacional de Turismo. São cerca de 30 pequenos empresários que vêm ver uma das maiores feiras de turismo do mundo, perceber como está o negócio e aprender. “E o mais importante”, diz Vitor Silva, “é que os empresários alentejanos pensem como um todo e remem todos para o mesmo lado. É uma oportunidade para se conhecerem e também complementarem as suas ofertas. Por exemplo, a hotelaria com a animação turística, com o enoturismo ou a restauração”.
Um princípio que Jorge Velez, director do Hotel Rural Santo António, em Arronches, subscreve na íntegra. “O facto de virmos juntos no âmbito da agência de promoção externa dá-nos oportunidade de mostrar a nossa diversidade. O meu hotel é de três estrelas, mas também há aqui de quatro e cinco estrelas (por exemplo, o Evorahotel ou o Convento do Espinheiro), hostels, animação turística no interior e na costa alentejana, gastronomia e vinhos. Todos os sectores fundamentais marcaram presença aqui na FITUR”, conclui.
Para o Hotel Rural Santo António o mercado espanhol é o principal. “Vêm a Portugal, visitam, fazem a refeição mas ainda há muito que fazer para que também durmam. É por isso que estamos a tentar captar operadores que organizam viagens de grupo e eventos. A ocupação média anual das três dezenas de quartos é de 36% mas Jorge Velez espera crescer mais este ano.
Para António Lopes, director do Hotel Monte Filipe, em Alpalhão, a presença na FITUR é importante porque há oportunidades de mostrar o produto a um vasto grupo de operadores, espanhóis e não só. Por exemplo, para esta unidade de quatro estrelas situada na área do Geoparque Naturtejo, os mercados francês e israelita dominam a procura e tem ocupação durante todo o ano.
Outro empresário que já vê frutos da presença na feira de turismo de Madrid é Manuel Paiva, da Soltroia Villas. Há um ano, com o irmão, fazia a gestão de 25 propriedades. Atualmente, a equipa já conta com cinco pessoas dedicadas exclusivamente à empresa e duplicou a oferta de casas que passaram a ter forte procura muito para além dos meses de Verão. Os turistas do Norte da Europa vêm logo em Junho; os do sul (portugueses, espanhóis e franceses) continuam a preferir os meses mais quentes.
Manuel Paiva considera que estas viagens são importantes também para conhecer os outros empresários da região e a sua oferta. “Tenho alojamento mas as pessoas querem mais, querem passear, fazer atividades, por exemplo, ver os golfinhos ou ir a um bom restaurante, ver locais com interesse”.
Uma das atividades que marcou presença forte nesta missão empresarial alentejana foi o Enoturismo. Vários produtores levaram a Madrid os seus vinhos e apresentaram as quintas e adegas onde os visitantes podem fazer degustação e mesmo refeições temáticas.
É o caso do Monte da Ravasqueira, em Arraiolos. O director, Mário Gonzaga revelou que o ano passado receberam cerca de 6 mil pessoas e serviram mais de 4500 refeições. Um projeto em desenvolvimento que já determinou a decisão de criar mais uma sala de refeições. Metade são portugueses e entre os estrangeiros, dominam os americanos, britânicos, turistas do Norte da Europa, brasileiros e só depois é que aparecem os espanhóis.
O Monte da Ravasqueira veio à FITUR pela primeira vez em 2016 e Mário Gonzaga assume que ainda não teve o retorno desejado. No entanto, já serviu para abrir algumas portas e a presença deste ano é para consolidar contactos.
Alentejo com mais franceses e holandeses
A Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo marca presença em todas as grandes feiras internacionais e organiza inúmeros road-shows por esse mundo fora.
O mercado espanhol ainda é o principal mas em breve poderá ser “apanhado” pelo francês. O holandês e o alemão está a crescer e o brasileiro “aguentou-se”, refere Vítor Silva. O que a Agência está a tentar perceber é porque é o Alentejo é a única região do país que o ano passado perdeu turistas belgas. Por outro lado, o mercado britânico está “flat”, diz Vítor Silva e assume que é preciso trabalhá-lo com mais eficácia.
Os chineses estão igualmente a chegar mas, por enquanto, apenas a Évora. Vítor Silva frisa que é preciso que vão a outros locais e a Agência está a preparar uma promoção dos vinhos do Alentejo, provavelmente, logo após a Feira de Turismo de Xangai, que se realiza em Maio.
Uma das estratégias de promoção passa pelo convite a jornalistas estrangeiros. O presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo revela que, anualmente, cerca de 300 jornalistas e bloggers visitam a região, em viagens preparadas à medida dos seus interesses. Além disso, as redes sociais e o “passa palavra” têm um forte peso na promoção.
A Renascença viajou para a FITUR a convite da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo