Terra de Cora Coralina, cidade de Goiás exala histórias e poesias
Na cozinha, os olhos vagueiam pelos tachos de cobre, enquanto a imaginao reconstri o aroma dos doces que outrora deles saa.
Nas paredes, vestidos pendurados; sobre uma mesa, a velha mquina de escrever a evocar o tec-tec das teclas sob o comando da poetisa que to bem cantou a sua terra.
Estamos no Museu Casa de Cora Coralina, instalado, s margens do rio Vermelho, numa edificao do sculo 18, onde viveu Ana Lins dos Guimares Peixoto Brtas (1889-1985), cuja obra literria foi escrita sob o sonoro e sugestivo pseudnimo, em que mesclou “cor” (“corao” em latim) com a referncia aos corais.
A um canto, um pequeno cajado traz tona a memria de seus ltimos dias, quando dele se servia para andar pela casinha de nmero 20, da rua Dom Cndido, que fica no centro histrico da cidade de Gois, tombado pela Unesco como Patrimnio Mundial.
Foi naquela antiga construo que Cora Coralina passou a infncia, parte da adolescncia e o fim da vida.
Sob o cantarolar dos sabis, caminhamos pelas ruas de pedra construdas por escravos. O passo lento permite que o olhar repouse sobre belos casares coloniais e igrejas setecentistas.
PERFUME DO CERRADO
Vielas, becos e ladeiras evocam a presena de Cora Coralina, autora dos versos: “Eu sou estas casas encostadas cochichando umas com as outras. Eu sou a ramada dessas rvores, sem nome e sem valia, sem flores e sem frutos, de que gostam a gente cansada e os pssaros vadios”, do poema “Minha Cidade”.
No podemos deixar de visitar a igreja da Boa Morte, de estilo barroco. Feita de blocos de pedra e paredes de taipa, abriga desde 1969 o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, onde existe um acervo de mais de mil obras.
As imagens de santos, talhadas em cedro, so de autoria de Jos Joaquim da Veiga Valle (1806-1874), escultor que escolheu como morada a cidade de Gois, onde hoje esto seus restos mortais.
Fundada por bandeirantes, que buscavam ndios e ouro, a cidade de Gois cresceu s margens do rio Vermelho.
A cruz do Anhanguera, seu marco histrico, foi levada pela enchente de 2001 e resgatada a 500 m de seu local original, onde foi posta uma rplica dela. Hoje, a pea verdadeira est guardada no Museu das Bandeiras.
Depois de caminhar bastante, inevitvel pensar na gastronomia da regio. Quem estiver com bastante fome poder puxar uma cadeira de madeira e simplesmente se render ao sabor do clebre empado goiano, iguaria feita de frango, carne de porco, linguia, guariroba e queijo.
Outros pratos tpicos de l so o arroz de puta rica (feito com carnes defumadas) e a galinhada com pequi, o perfumado fruto do cerrado.
Deixar-se levar, sem pressa, em direo a um vago tempo passado , talvez, a melhor forma de incorporar-se ao ritmo da cidade, que j foi conhecida, to propriamente, como Vila Boa de Gois.
ROBERTO DE OLIVEIRA, 41, colunista da revista sopaulo e conhece todos os Estados do Brasil –alm do Distrito Federal.
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HOSPEDAGEM EM GOIS
R$ 110
Para casal na Casa da Ponte. Res.: (62) 3371-4467
R$ 216
Para casal na Pousada do Ip. Reservas: (62) 3371-2065; pousadadoipe.com
R$ 250
Para casal no hotel fazenda Manduzanzan. Reservas: (62) 9982-3373; manduzanzan.com.br