Turismo na Arrábida cresce perto de 20% ao ano

A actividade turística nos concelhos à volta da Serra da Arrábida está a registar um forte crescimento, com as dormidas a subirem 17% num ano, para um total de 450 mil noites, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL), divulgados nesta quinta-feira por Vítor Costa, presidente da entidade de turismo.

As dormidas na hotelaria dos três concelhos da denominada Centralidade Arrábida, Setúbal, Sesimbra e Palmela, cresceram em 2014 uma média de 17%, relativamente ao ano de 2013. Nessa comparação da procura turística, Setúbal foi o município que mais cresceu nesse mesmo período. O concelho sadino registou em 2014 uma subida de dormidas de 20,1%, comparando com 2013. Sesimbra ficou em segundo lugar, nesse índice de crescimento, com um aumento de 16%, e Palmela, com a subida mais ligeira do conjunto, aproximou-se também dos dois dígitos, registando uma taxa de crescimento de 9,3%.

Esta forte subida da actividade turística na região mantém a tendência em 2015, confirmando um ritmo de crescimento bastante acentuado, na casa dos dois dígitos, e constitui um “momento bastante estimulante, que se deve ao trabalho de dinamização desenvolvido pelos três municípios com o contributo da ERT-RL”, disse Vítor Costa.

Por exemplo, em Setúbal, no primeiro semestre deste ano, as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros do concelho registaram uma subida de 10,5%, comparativamente com o período homólogo de 2014. Um crescimento que deve ser bem mais expressivo no segundo semestre, tendo em conta que se trata de destinos com forte sazonalidade, em que os meses de Julho e Agosto representam um forte impacto no total anual.

Para a presidente da Câmara de Setúbal, o crescimento no turismo é também fruto do trabalho desenvolvido pelo município. “Estamos a afirmar Setúbal como a grande capital que é”, afirma Maria das Dores Meira.

“Com a requalificação urbana da cidade e do concelho, tornando-os mais atractivos para os que nos vistam e criando mais qualidade para os que cá vivem”, disse a autarca, acrescentando estar convencida de que “por esta via estão a ser criadas mais e melhores condições para o aumento do número e turistas que visitam” a região.

Em Palmela, os últimos anos têm sido de crescimento acentuado. Segundo o Plano Estratégico para o Turismo na Região de Lisboa 2015-2019, Palmela foi o concelho da península de Setúbal que apresentou o maior crescimento, tanto em oferta como em procura turísticas, desde 2009.

“Nos últimos cinco anos tivemos os melhores anos turísticos de sempre”, disse ao PÚBLICO o vereador com o pelouro do Turismo na Câmara de Palmela. Para Luís Calha, este desempenho “tem a ver com a estratégia integrada de desenvolvimento turístico que engloba um conjunto diversificado e alargado de parceiros, locais, regionais, nacionais e até internacionais”.

O autarca afirma que “há hoje uma estratégia e um compromisso muito fortes, entre os municípios e os agentes locais, para inovar e diversificar a oferta turística” e dá o exemplo do funcionamento em rede ao nível local entre os municípios de Palmela, Setúbal e Sesimbra, que têm um protocolo sobre os castelos e fortes da Arrábida.

A entidade de turismo e os municípios estão agora empenhados em valorizar a serra, que tem potencial para desenvolvimento do negócio turístico em múltiplos segmentos, como turismo de natureza, desportos náuticos ou enoturismo.

Para isso há várias acções em curso e uma ideia principal; a criação da marca Arrábida. Vítor Costa diz que estas entidades estão “muito entusiasmados” com esse objectivo e que foi criado um grupo de trabalho, que envolve também outros parceiros regionais e nacionais.  

A candidatura da Arrábida a Reserva Mundial da Biosfera é outro objectivo que está a mobilizar esforços na região, principalmente por parte da Associação de Municípios da região de Setúbal (AMRS), que se voltou para esta alternativa após o falhanço da candidatura a património da UNESCO.

Actualmente existem no mundo mais de 600 sítios classificados como reserva mundial da Biosfera, em 127 países, e a obtenção desse estatuto para a Arrábida, segundo o presidente da Câmara de Sesimbra, pode valorizar a serra “potenciando actividades como a pastorícia e as potencialidades turísticas”.

Augusto Pólvora sublinhou que “a Arrábida é a menina dos olhos destes três municípios” e que a aposta é fazer da serra “a porta para a região.”