Turismo na “Cidade de Pedra” fechado há 10 anos – A Tribuna

Visitantes estão sem poder contemplar as belezas da Cidade de Pedra, no Parque Ecológico João Basso

Visitantes estão sem poder contemplar as belezas da Cidade de Pedra, no Parque Ecológico João Basso

Uma das áreas de maior potencial turístico da região, o Parque Ecológico João Basso, que abriga a “Cidade de Pedra”, em Rondonópolis, está com visitações turísticas interrompidas há pelo menos 10 anos, deixando de render dividendos para economia local. Turistas e moradores continuam sem ter a oportunidade de conhecer o local, apontado como a beleza natural mais bonita do município, eleito em 2007 como uma das “7 Maravilhas de Rondonópolis”, através de uma campanha feita entre o Jornal A TRIBUNA e a antiga faculdade de Turismo do Cesur, hoje Anhanguera.
Além disso, os últimos trabalhos acadêmicos e de pesquisa no Parque Ecológico João Basso, importante espaço da arqueologia, foram realizados no final de 2013. Segundo o gerente corporativo da Agropastoril Jotabasso, Tages Martinelli, atualmente não há estrutura adequada no parque que garanta a segurança necessária para conservação do acervo histórico, ambiental e até mesmo aos visitantes. Ele não sabe dizer ao certo quanto tempo faz que as visitas turísticas ao local foram interrompidas. O Jornal A TRIBUNA apurou que o fechamento se deve à ausência dos planos de uso e de manejo da área, considerando a alta fragilidade dos acervos existentes e de possíveis riscos ao meio ambiente e aos turistas.
Apesar de anunciado com uma das principais atrações naturais de Rondonópolis, a informação de que o parque está há anos fechado para visitação turística acaba não sendo repassada ao público em geral. Por enquanto, não se sabe quando o parque voltará a receber turistas em excursões monitoradas com guias. Tages Martinelli informa que a direção da Agropastoril Jotabasso não tem previsão de reabertura para visitações turísticas do Parque João Basso. A informação conseguida pela reportagem do A TRIBUNA é que a empresa ainda está tralhando na elaboração do plano de manejo.
Conforme Tages, em curto prazo, a empresa tem interesse em reabrir o parque apenas para estudos acadêmicos e pesquisas. Ele atesta que o trabalho de pesquisa ainda continua no parque. Quanto à viabilidade econômica do parque para fins turísticos e de visitação, ele repassou que o parque é, na verdade, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com o objetivo principal de preservação do acervo histórico e ambiental contido nela, e não objetivou resultados financeiros na exploração da mesma.

Reserva em Rondonópolis dispõe de rico acervo que denota a presença de povos pré-históricos na região

Reserva em Rondonópolis dispõe de rico acervo que denota a presença de povos pré-históricos na região

Em 2011, o Governo do Estado tentou, sem sucesso, uma negociação para a reabertura ao turismo do Parque João Basso. A intenção era fomentar o turismo em Rondonópolis, possibilitando a visitação pública no parque, com guias e condutores devidamente qualificados.
O Parque Ecológico João Basso foi reconhecido como RPPN em 30 de dezembro de 1997. A Cidade de Pedra, que fica dentro da reserva, consiste num complexo rochoso com milhares de anos de processo de formação. A área possui inúmeras cachoeiras, furnas, grutas e dezenas de sítios arqueológicos, com escavações científicas de uma missão franco-brasileira. As inscrições e desenhos rupestres datam milhares de anos.
São 3.624 hectares de muitas atrações em um único local. O parque está localizado às margens do rio Vermelho e do rio Ponte de Pedra, e é uma propriedade da Agropastoril Jotabasso. O deslocamento até lá se dá pela rodovia BR-163, saída no sentido Campo Grande, aproximadamente 20 quilômetros de asfalto, entrando à direita e percorrendo mais 50 quilômetros em estrada de terra.

Parque abriga riquezas arqueológicas

Márcio Sodré
Da Reportagem

Pesquisas arqueológicas na reserva onde está situada a “Cidade de Pedra”, em Rondonópolis, indicam a presença humana na região em cerca de 10 mil anos atrás. A área é alvo de pesquisas desde janeiro de 1983, a partir de um chamado do proprietário da área, diante de achados que indicavam a presença de povos pré-históricos.
Rondonópolis se integra na Pré-História Brasileira Antiga. Os estudos apontam que essa região foi intensamente ocupada ao longo dos rios entre 1 mil e 1,5 mil anos atrás. Nessa região foram encontrados vestígios de povos pré-históricos como artefatos de pedra, cerâmicas, artes rupestres e carvão fruto de fogueira. Poucas ossadas humanas foram descobertas.
Não foi achado nenhum indício de contato desses povos pré-históricos da região com colonizadores, sejam portugueses ou espanhóis.