Turismo rural: uma rota surpreendente ganha espaço em Pernambuco
Clima serrano, hotéis fazenda, animais silvestres e rica gastronomia. Estas características poderiam ser facilmente encontradas em destinos do sul do país, interior de São Paulo ou até na região Centro-Oeste, mas a surpresa está em descobrir que todo este cenário pode ser encontrado no Nordeste, bem no coração de Pernambuco. Com investimentos e profissionalização, o estado encontrou no turismo rural uma nova opção de destino às já consagradas Porto de Galinhas e Fernando de Noronha.
A rota de turismo rural apresentou um crescimento de cerca de 50% nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Associação Pernambucana de Turismo Rural e Ecológico (Apeturr), decorrente do Programa de Regionalização do Turismo, iniciado em 2011 pelo Ministério do Turismo, e por ações de incentivo no governo de Eduardo Campos. Os incentivos também foram responsáveis por fortalecer a associação entre os operadores desta modalidade turística.
“A Apeturr existe desde 2002, mas somente nestes últimos cinco anos nos tornamos mais atuantes. Fizemos parceiros fortes como a Comissão de Agricultura da Câmara, que garante verbas para o turismo rural, e o Sebrae, que promove a profissionalização dos associados, principalmente para áreas financeira, de media e administrativa”, explica Melânia Vieira, presidente da Apeturr.
A entidade conta hoje com 18 associados, distribuídos por 15 municípios, englobando engenhos, pousadas e fazendas que oferecem turismo de aventura, de lazer e pedagógico, além de oferecer espaços para a realização de eventos.
Os destaques ficam por conta das cidades de Bonito, com cachoeiras e trilhas, Bezerros, com atividades culturais e típicas, Saloá, município um pouco mais afastado que explora atividades diárias do meio rural; e Gravatá, um dos locais mais desenvolvidos da rota, que abriga o Portal de Gravatá, hotel fazenda com uma excelente estrutura e apontado com um dos principais do estado.
Muitos estabelecimentos operam no sistema “day use”, ou como muitos chamam “dia de campo”, no qual o turista participa de, trilhas ecológicas atividades rurais, de aventura e de recreação e contam com uma ou duas refeições , tudo por pacotes que variam de R$ 45 a R$ 100, de acordo com o local e as atividades.
Outros locais oferecem também hospedagem com pensão completa com diárias que variam de R$ 200 a R$ 600. Os equipamentos ainda contam com piscina, restaurante, acessibilidade e acesso a Wi-Fi, em alguns locais somente nas áreas livres. A sustentabilidade também é uma das atrações em todos os estabelecimentos. Atividades como água de reuso, reciclagem e energia solar são facilmente perceptíveis.
PÚBLICO E DIVULGAÇÃO
Apesar de ser uma modalidade consolidada no estado, o turismo rural ainda conta com um público restrito. Segundo a Apeturr, a maioria dos visitantes vem de Pernambuco ou de estados da região nordeste, como Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. “Nosso cliente é regional. Cerca de 80% vem do próprio nordeste ou de Pernambuco“, destaca Melânia.
Com este público-alvo, o período considerado como “alta estação”, nem sempre coincide com o de férias escolares, como de costume. Em alguns casos, o período de maior lotação vai de abril a julho, englobando a semana santa e período de São João, que atrai grande público. Na alta temporada a taxa média de ocupação é de 80%, chegando a 40% na baixa.
Para ampliar o mercado, os operadores do turismo rural pernambucano vêm investindo na divulgação dos destinos, por meio de parcerias com a Empresa de Turismo Pernambucano (Empetur). Por meio da Apeturr, os destinos realizam no mês de maio em Recife a feira de turismo rural, evento que vai para sétima edição em 2017, além da participação em feiras nacionais, como a Abav e a Festuris. “Somos rurais, mas estamos atenados”, completa a presidente da Apeturr.
IMPACTO SOCIAL
Além de contribuir com o meio ambiente, por meio de ações de sustentabilidade, o turismo rural de Pernambuco se destaca por contribuir com o desenvolvimento local, principalmente em cidades com pouca estrutura, que em alguns casos dão a impressão de se chegar a um oásis no deserto.
Ao todo são 630 empregos fixos gerados pelos estabelecimentos da rota de turismo rural, sendo que 34% estão entre os cinco maiores empregadores do município em que se localizam. Entre os que operam a modalidade turística, 95% têm projetos sociais e 85% capacitam moradores do município para ocuparem os empregos.
Além disso, os equipamentos contam com 1.778 leitos, em muitos casos sendo os únicos locais de hospedagem de sua cidade. “O turismo rural é um vetor de desenvolvimento destas áreas”, finaliza Melânia Vieria.