O hábito de aproveitar o feriado sem sair da cidade ou viajando para destinos próximos é a grande tendência para a Semana Santa
A poucos dias da Semana Santa, cresce na América Latina o interesse por uma forma de descanso que foge dos roteiros tradicionais: o staycation. A tendência, que combina as palavras stay (ficar) e vacation (férias), define o hábito de aproveitar o feriado sem sair da cidade ou viajando para destinos próximos. Mais do que uma alternativa prática, o movimento aponta para um novo jeito de consumir turismo – mais acessível, sustentável e conectado à realidade local.
Segundo Kauana Neves, Client Services Director da another, agência de comunicação estratégica com a maior oferta de serviços na América Latina, o staycation vem se consolidando por oferecer uma alternativa prática e acessível ao descanso tradicional. Em vez de encarar longos deslocamentos, muitas pessoas têm optado por aproveitar hotéis, spas, centros culturais ou áreas verdes próximas, vivendo experiências de lazer sem sair da cidade ou indo a destinos facilmente acessíveis.
A tendência tem se destacado especialmente na América Latina, onde fatores econômicos, sociais e ambientais impulsionam a busca por formas de viajar que sejam mais sustentáveis, convenientes e compatíveis com o orçamento.
Interesse por destinos próximos cresce na região
Em 2024, a movimentação turística durante a Semana Santa evidenciou o crescimento do turismo de curta distância em toda a região. No Brasil, o interesse por destinos nacionais gerou mais de 420 milhões de buscas em plataformas como a Omnibees, com destaque para cidades litorâneas e grandes centros urbanos. No México, mais de 12 milhões de pessoas viajaram no período, movimentando cerca de 275 bilhões de pesos. Já na Argentina, mais de 3,2 milhões de viajantes circularam dentro do país, reforçando a força do turismo interno em diferentes mercados latino-americanos.
Os dados reforçam o avanço do staycation no Brasil, especialmente durante a Semana Santa. Segundo o Ministério do Turismo, as cidades mais buscadas em 2024 foram Rio de Janeiro (149 milhões de buscas), São Paulo (80 milhões), Búzios (46 milhões), Porto Seguro (26 milhões) e Maceió (25 milhões) – destinos que combinam descanso, cultura e lazer acessível, sem a necessidade de grandes deslocamentos ou viagens aéreas.
A tendência também avança em outros mercados, como a Colômbia. Em cidades como Bogotá, Medellín, Cartagena e Cali, hotéis e estabelecimentos locais têm apostado em pacotes de fim de semana com experiências gastronômicas, de bem-estar e programação cultural. A proposta é atrair moradores que desejam aproveitar o tempo livre sem sair do próprio ambiente urbano.
Mais do que descanso: consumo consciente e novas formas de se reconectar
Mais do que uma alternativa ao turismo tradicional, o staycation tem se destacado pelos benefícios que oferece tanto aos viajantes quanto à economia local. Do ponto de vista econômico, reduz custos com transporte e logística, tornando o lazer mais acessível e estimulando o consumo em setores como hotelaria, gastronomia e entretenimento. No aspecto cultural, incentiva o redescobrimento da própria cidade e fortalece a valorização do patrimônio local. Já no campo ambiental, contribui para a redução da emissão de carbono ao evitar longas viagens, promovendo práticas mais sustentáveis de turismo.
Para Kauana Neves, o staycation representa não apenas uma mudança de comportamento, mas também uma oportunidade para o setor de turismo se reinventar. Em um cenário onde muitos viajantes preferem evitar aglomerações e deslocamentos longos, cresce a demanda por experiências mais intimistas e personalizadas. “Cresce também o interesse por turismo rural, especialmente em regiões próximas à natureza. A busca por desconexão digital tem motivado muitas pessoas a optarem por hospedagens em casas de campo, chalés ou propriedades em áreas verdes”, afirma.
Com a chegada de mais um feriado prolongado na América Latina, o staycation se consolida como uma alternativa viável, versátil e alinhada aos novos hábitos de viagem. Afinal, nem sempre é preciso ir longe para descansar — às vezes, basta redescobrir o que está por perto.